Um dos especialistas que veem este cenário mais difícil é Celso Toledo, sócio da E2 Economia.Estratégia, de São Paulo.
“Sem dúvida, o rebaixamento é uma notícia ruim para as empresas, porque o custo do capital toma o risco do país sempre como uma referência. Quando a nota do crédito é rebaixada, o custo do dinheiro aumenta para as empresas. Esse rebaixamento é um capítulo de uma novela, de um quadro negativo para o país. A perda do grau de investimento foi o episódio mais relevante. Se você for ver o preço do mercado, o prêmio que as empresas estão pagando, essas taxas de juros já são compatíveis com as de um país que tomou dois ou três downgrades. O rebaixamento é um dado a mais dentro de um quadro muito negativo.”
Antes do anúncio do rebaixamento, esta semana, o presidente da Petrobras, Ademir Bendine, disse que a estatal planeja colocar cerca de US$ 14,5 bilhões em papéis no mercado internacional, como forma de reduzir a dívida de mais de US$ 300 bilhões da companhia.
“No caso específico da Petrobras, há um problema além – o fato de que a empresa sofreu muito com uma gestão ruim. É uma empresa que, não fosse pública, teria quebrado”, observa Toledo. “O custo de captação da Petrobras é alto. Se existir gente disposta a financiar a Petrobras, certamente vai exigir um prêmio de risco elevado, pela situação delicada do país, mas muito mais pelas particularidades da empresa e também pelo fato de que o segmento de petróleo, independente do risco Brasil, está passando por um momento de ajustes. As empresas petrolíferas no mundo inteiro estão tendo que se ajustar a uma realidade que parece mudou para valer. Esses preços baixos parecem que vão ser mais persistentes do que se imaginava há um tempo.”