Putin e Obama: entenda o acordo alcançado entre os dois líderes para Síria

© Sputnik / Sergey Guneev/POOL / Acessar o banco de imagensPresidente russo Vladimir Putin se encontra com o presidente norte-americano Barack Obama na 70ª sessão da Assembleia Geral da ONU, 28 de setembro de 2015
Presidente russo Vladimir Putin se encontra com o presidente norte-americano Barack Obama na 70ª sessão da Assembleia Geral da ONU, 28 de setembro de 2015 - Sputnik Brasil
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Nesta segunda-feira (22) os EUA e a Rússia emitiram uma declaração conjunta anunciando terem chegado a um acordo sobre um possível cessar-fogo entre o governo e os grupos armados de oposição na Síria, com início programado para meia noite de 27 de fevereiro.

Condições definidas

De acordo com os documentos publicados por Kremlin e pelo Departamento de Estado, todos os lados do conflito que concordarem com as condições da proposta deverão declarar até meio-dia (horário local) de 26 de fevereiro a sua prontidão em cumprir o cessar-fogo. Junto a isso, o exército sírio e seus aliados, incluindo a aviação russa e a coalizão liderada pelos EUA, continuarão combatendo o Daesh (Estado Islâmico) e outros grupos terroristas em território sírio.

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Os lados acordaram que a Rússia e os EUA irão trabalhar em conjunto, bem como com os demais membros do grupo de cessar-fogo, para definir os territórios sírios controlados atualmente pelo Daesh, pela Frente al-Nusra e por outras organização terroristas não incluídas no cessar-fogo. Ao mesmo tempo, deverão ser definidas regiões onde se encontram as forças de oposição país, para que as mesmas não sejam atingidas por ações militares que combatem os referidos grupos terroristas.

A declaração define que, para controlar o cumprimento do cessar-fogo, os EUA e a Rússia criarão uma “linha direta”, bem como "caso necessário, um grupo de trabalho para a troca dessas informações”.

De acordo com o Departamento de Estado, o mecanismo exato para o controle do cumprimento do cessar-fogo será desenvolvido no decorrer dos próximos dias.

Decisão e interesses mútuos

O acordo foi discutido no mais alto nível entre os governos dos dois países, em conversa telefônica realizada pelos presidentes Vladimir Putin e Barack Obama.

Ao fim da conferência, Putin declarou à televisão aberta russa que “as ações conjuntas acordadas com o lado americano podem alterar radicalmente a situação de crise na Síria. Finalmente, surgiu uma chance real de por fim à violência e ao derramamento de sangue”.

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A Casa Branca, por sua vez, declarou que, caso seja cumprido, o cessar-fogo permitirá o acesso de ajuda humanitária à Síria e representará mais um passo em direção à transição política naquele país. Além disso, destacou-se que, durante a conversa com o líder russo, Obama frisou que a atual prioridade consiste em obter uma resposta positiva por parte do regime sírio e da oposição armada para a proposta, bem como “o cumprimento honesto (da trégua) por todos os lados para aliviar o sofrimento do povo sírio, a realização de um processo político sob a égide da ONU e a concentração dos esforços na luta contra o Daesh”.

O porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov, informou que as decisões dos EUA e da Rússia sobre Síria foram igualmente acordadas em negociações bilaterais com os líderes da Arábia Saudita e do Qatar. Por sua vez, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Mark Toner, destacou que, em apenas um dia, o Secretário de Estado John Kerry realizou conversas telefônicas com ministros das Relações Exteriores da França, Alemanha e Arábia Saudita.

Adesão das partes

Kerry comentou o acordo tão logo o mesmo foi alcançado. Nas suas palavras, o cumprimento “das relativas promessas irá depender das próximas ações”, já que todos os lados precisam “garantir o cumprimento da resolução 2254 da ONU e o fim das hostilidades, incluindo os ataques aéreos”.

Toner confirmou as declarações de Kerry chamando a atenção para o fato de que para ser alcançado, o cessar-fogo precisará ser respeitado por todos os lados do conflito sírio. Ele deixou claro que Washington espera que a Turquia também respeite a trégua e interrompa seus ataques aéreos aos curdos em território sírio.

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Por sua vez, o vice-primeiro-ministro turco, Numan Kurtulmush, saudou o plano de cessar-fogo na Síria, mas deixou claro que o seu país precisa manter o direito de defender suas fronteiras de quaisquer ameaças.

Quanto à própria Síria, a reação dos lados do conflito ainda não parece ter chegado a um consenso. A principal formação da oposição do país disse concordar com a proposta, desde que a mesma respeite certas condições “humanitárias” no país. O Supremo Comitê para Negociações da Síria declarou que, em troca do cessar-fogo, espera obter o levantamento de cercos, a libertação de presos, o fim dos ataques contra alvos civis e a entrega de ajuda humanitária.

Logo após o anúncio do acordo sobre cessar-fogo, o presidente sírio Bashar Assad emitiu um decreto sobre a realização de eleições parlamentares no país no dia 13 de abril deste ano. Se tudo correr conforme o planejado, estas serão as segundas eleições parlamentares da Síria deste o início do conflito.

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