O deputado do Partido Republicano Popular (CHP, na sigla em turco) Erdogan Toprak apresentou o relatório semanal do parlamento turco sobre assuntos da agenda política atual.
A principal previsão é esta: se os EUA reconhecerem a organização islamista Irmandade Muçulmana (que fora um participante ativo dos confrontos em 2011 no Egito), a Turquia pode reagir com nova onda de tensão nas relações bilaterais. Recentemente, o presidente e o primeiro-ministro turcos, Recep Tayyip Erdogan e Ahmet Davutoglu, têm criticado os EUA por causa do apoio que Washington presta aos curdos sírios no seu combate ao grupo terrorista Daesh.
Ancara não reconhece os curdos como uma força legítima, por causa de uma tensão interna que dura bastante tempo.
Contudo, Ancara foi lenta em reconhecer o Daesh e Frente al-Nusra como grupos terroristas, nota o relatório. Toprak cita os fatos: a Frente al-Nusra foi incluída na lista de organizações terroristas da Turquia depois do atentado em Reyhanli, e o Daesh foi reconhecido como uma ameaça terrorista à própria Turquia depois do atentado em Suruc, ambos em 2015.
E contudo, frisa o oposicionista Toprak, o governo turco acusa os curdos, inclusive os curdos sírios, de terrorismo (sem, porém, apresentar acusações oficiais).
Em 25 de fevereiro, a Comissão da Justiça da Câmara dos Representantes dos EUA reconheceu a Irmandade Muçulmana como uma organização terrorista. Segundo o relatório de Toprak, "a dupla Erdogan-Davutoglu, famosa pelo seu apoio ativo da Irmandade Muçulmana, estará na situação de apoiante de uma organização terrorista", o que minará as relações internacionais.