Depois dos terroristas na Síria, Putin volta a mira contra corruptos na Rússia

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O presidente russo Vladimir Putin voltou sua atenção para questões domésticas nesta terça-feira (15), em meio a uma série de prisões de altos funcionários do governo, substituindo o foco da política externa que dominou sua agenda nos últimos dois anos.

O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), que responde diretamente ao presidente russo, prendeu o vice-ministro da Cultura Grigoriy Pirumov nesta terça-feira, ao lado de outros altos funcionários do governo russo, sob a acusação de corrupção.

​A medida sinaliza que a retirada das forças militares russas da Síria, iniciada também nesta terça-feira por ordem de Putin, pode coincidir com a disposição do presidente de começar a lidar mais firmemente com os problemas internos de seu país.  

De fato, em uma reunião com o Ministério do Interior realizada hoje, Putin ressaltou a necessidade de combater a corrupção na Rússia.

​Pirumov, por exemplo, foi preso sob a acusação de desviar fundos do governo destinados a projetos de restauração históricos.

"Se realmente houver menos corrupção, então graças a Deus, estamos conseguindo algum tipo de resultado positivo. Mas se isto é resultado da nossa atividade reduzida nessa direção, então isto provavelmente não é o objetivo que buscamos", observou o chefe de Estado durante a reunião, referindo-se à redução do número de denúncias de corrupção no último ano.

Os comentários sobre a necessidade de focar mais na política interna, entretanto, não excluíram da agenda de Putin um dia bem agitado no que diz respeito ao cenário internacional. 

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Além da questão do início da retirada do contingente russo na Síria, o presidente se ocupou com uma visita oficial do rei de Marrocos ao Kremlin. As conversações envolveram a redução das importações russas de produtos marroquinos em meio à atual situação econômica da Rússia, que também é dificultada por questões relacionadas à corrupção, entre vários outros fatores. 

Na quarta-feira (16), Putin deverá discutir o desenvolvimento econômico do Extremo Oriente russo.

"O trabalho [para reduzir a corrupção] precisa ser intensificado, claro que não para preencher papelada, mas para melhorar a situação econômica e aumentar a confiança geral no governo", disse Putin na reunião com o Ministério do Interior.

O próprio ministério, aliás, não se está livre do escrutínio do presidente. Em Rostov, onde Pirumov foi detido, o chefe de polícia também foi preso durante uma blitz de rotina no último dia 7, enquanto viajava com uma grande quantidade de armas em um jipe Range Rover conduzido por uma personalidade de alto nível da máfia russa. Um inventário do arsenal da polícia na cidade revelou 246 armas desaparecidas, das quais 80 já foram localizados.

"Se alguém entre os próprios agentes da lei viola a lei, mostra arrogância, desrespeito para com as pessoas, incivilidade no trabalho diário, isto é visto como uma traição por parte das pessoas comuns", disse Putin.

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Derrotar a corrupção doméstica na Rússia pode ser um desafio muito mais difícil do que a estabilização da Síria, considerando-se que alguns casos remontam a décadas de história, enquanto outros terminam com os perpetradores enfrentando punições demasiado frouxas. 

Em um dos maiores casos de corrupção no governo nos últimos anos, a chefe do departamento de propriedades do Ministério da Defesa, Evgeniya Vasilyeva, foi libertada da prisão menos de quatro meses após o início de sua sentença, que havia sido atribuída pelo desvio de cerca de 200 milhões de rublos (cerca de 6,7 milhões de dólares, na época), quando um tribunal julgou que ela havia devolvido os fundos distribuídos ilegalmente.

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