Pelo menos essa é a impressão com que se fica das tentativas da Turquia de restabelecer os laços com o Irã, apesar das relações frias entre os dois países, principalmente no que tange à Síria. Teerã, aparentemente, não tem nada contra.
"É no contexto das múltiplas falhas /da política turca/ que devemos analisar a viragem diplomática ‘positiva’ da Turquia para o Irã", escreveu o analista político Salman Rafi Sheikh no portal analítico russo New Oriental Outlook.
"Nós não queremos que a Síria seja dividida em pequenos Estados, e chegámos a um acordo com as autoridades iranianas… que essa desintegração não iria acontecer e que a Síria iria continuar a sua existência como um país poderoso», disse Davutoglu, citado pela agência de notícias iraniana Fars.
A Turquia tem demonstrado forte oposição ao governo do presidente Bashar Assad e tem apoiado grupos terroristas que estão tentando o derrubar. Além disso, há pouco tempo, Ancara alegadamente planejava enviar as forças terrestres para o norte da Síria.
No sábado (19), o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, se reuniu com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o premiê turco e o ministro das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu, durante a sua visita de um dia a Istambul. Zarif chamou a Turquia «de um vizinho muito importante", acrescentando que «os altos funcionários do Irã dão importância especial às relações com a Turquia».
Por sua vez, «o Irã tem certeza de que a Turquia perdeu a guerra na Síria e que Ancara está prestes a começar uma nova fase na sua política", explicou Salman Rafi Sheikh, acrescentando que ambos os países querem receber um maior acesso aos mercados um do outro. «A elite empresarial turca vê no Irã, assim como os empresários europeus, um grande mercado para investir», acrescentou.
O analista advertiu que esta diplomacia provavelmente vai resultar em uma união frágil de conveniência, que poderá se quebrar facilmente em caso de certas evoluções geopolíticas.