Sputnik: Quando assumiu o cargo de representante oficial da chancelaria russa começamos a compará-la com a sua colega norte-americana [Jen Psaki]. Isso continua até agora. Você fica ofendida, irritada ou divertida com isso?
Maria Zakharova: Fazem-me sempre esta pergunta em todas as entrevistas. Tenho uma atitude profissional e filosófica em relação a isso. Compreendo por que tal acontece. É mais simples fazer analogias. Encaro isso como um clichê <…>.
S.: Você conhece Psaki?
M.Z.: Sim, trabalhei com ela por dois anos, se calhar, um pouco mais. Foram relações construtivas, <…> que não se baseavam no princípio “como fazer algo pior uma a outra”. <…>
S.: Mais uma pergunta dos leitores: o que significa ser russa?
M.Z.: É um assunto interessante. Penso nisso frequentemente. Ser emocional, sincera e generosa, em sentido amplo, amar de modo apaixonante e odiar fortemente, mas sempre à sua maneira. Como se costuma dizer, “ser lento a arrear os cavalos, mas rápido na corrida”, tudo isso é ser russo. Resistir à força e amar carinhosamente.
M.Z.: Com certeza, num dia da semana de Maslenitsa fiz panquecas. As minhas panquecas são especiais: são espessas, não gosto delas finas. <…>
S.: Pergunta de um leitor da redação polonesa da Sputnik: Quando devolverá a Crimeia à Ucrânia?
M.Z.: Não tomamos a Crimeia da Ucrânia <…>. Respondo aos leitores poloneses assim: tentem não avaliar tudo de forma simples e não dar avaliações convenientes e unívocas. Compreenda, a Crimeia abandonou a Ucrânia por sua própria iniciativa.
S.: Os habitantes da Crimeia perceberam que precisavam fazer uma escolha?
<…> Muitos europeus não compreendem que não foi a Rússia que tomou a Crimeia, foi a Crimeia que deixou a Ucrânia, como um enteado deixa a família onde nunca foi amado. <…>
S.: Pergunta de um leitor da República Tcheca: Já pensou se poderá vir a ser membro do governo, chanceler ou embaixadora da Rússia nos EUA?
M.Z.: Nunca pensei em nada disso. Digo-o de forma honesta e sincera. Para mais, nunca pensei tornar-me diretora do Departamento de Informações e Imprensa do Ministério das Relações Exteriores da Rússia. Para a Rússia, o serviço diplomático sempre foi uma profissão masculina. Sou realista, é importante fazer bem o meu trabalho no momento atual.