A Ministra Susana Malcorra conclamou seus colegas do Mercosul a se reunir, por videoconferência, para manifestar solidariedade à líder brasileira e reafirmar a união do bloco diante de dificuldades enfrentadas por seus governantes.
Em 2012, o Mercosul decidiu suspender temporariamente o Paraguai após a deposição do Presidente Fernando Lugo. Mesmo admitindo que o processo de impeachment de Lugo ocorreu dentro do sistema legal vigente no Paraguai, os demais membros do Mercosul fizeram questão de demonstrar que não aceitavam a forma como o presidente foi levado ao processo de impeachment.
O Professor Crespo, argentino de nascimento, pensa ainda que este é o momento ideal para o Mercosul demonstrar coesão, independentemente das questões internas vividas por cada um dos seus membros.
“A julgar pela forma como Susana Malcorra fala, acho que é uma consulta que lhe fizeram. Ela diz que estão avaliando, que vão ter um encontro agora de presidentes, uma comunicação com os presidentes, e fala que eventualmente poderia existir algum tipo de exclusão, de sanção" – Crespo.
"Em minha opinião, é mais um gesto de solidariedade ao Governo brasileiro do que uma ameaça ou coisa do tipo. Pelo tamanho do Brasil, tamanho da economia brasileira, tamanho do mercado brasileiro, o Mercosul, que já está com problemas, sem o Brasil deixaria de existir. Já houve algum tipo de confronto por causa da Venezuela, quando o Governo Macri estava pedindo sanções e o Brasil não concordou, mas acho que aqui é mais um gesto de solidariedade ao Governo Dilma Rousseff" – explica o economista.
Sobre a questão paraguaia – a suspensão do país depois do impeachment do Presidente Fernando Lugo –, Eduardo Crespo considera que possa haver semelhanças com o caso brasileiro atual, mas observa que no Paraguai certamente foi um processo muito mais rápido, mais irregular.
O Mercosul – Mercado Comum do Sul é uma instituição criada em 1991. Sua formação original reunia Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Em 2013, após um longo processo iniciado em 2006, a Venezuela teve a sua entrada consolidada no bloco. A Bolívia está concluindo seu processo de adesão, iniciado em 2015, e depende ainda da ratificação dos Parlamentos do seu próprio país, do Brasil e do Paraguai. O Mercosul tem ainda, como países associados, Chile, Colômbia, Equador e Peru. E, como observadores, Nova Zelândia e México.