A cientista política Sônia Fleury, da Escola de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas, no Rio, está entre os que acreditam na maior vulnerabilidade da presidente da República. Em conversa com a Sputnik Brasil, Sônia Fleury afirmou que os ânimos políticos vão se acirrar e que a perda do apoio dos 68 deputados do PMDB poderá custar muito caro às intenções do Governo Federal de permanecer no poder até o final do seu mandato.
A especialista diz não acreditar que o Vice-Presidente Michel Temer, presidente nacional do PMDB, esteja cogitando, com esta ruptura, preparar o lançamento de uma candidatura presidencial própria do partido para as eleições de 2018: “O cenário político está tão conturbado no Brasil, a ponto de não se ter certeza alguma do que poderá acontecer no país. Parece que 2018 ficou muito longe, e no entanto as eleições gerais acontecerão em apenas dois anos e meio.”
“Essa ruptura já estava sendo anunciada há algum tempo. À medida que o Governo vai perdendo prestígio, o vice-presidente comanda uma saída com pompa e circunstância nesse momento de grande crise de legitimidade. Apesar de ele [Michel Temer] ter estado no Governo desde o primeiro mandato de Dilma, agora ele diz que é insuportável, que essa relação não se dá mais. É um momento de um cálculo oportunista em que o PMDB vê que o Governo está perdendo legitimidade e ele quer se colocar como o possível, eventual Governo que vai salvar o país da crise e da legitimidade. No entanto, ele esteve no Governo e foi responsável por este Governo todo o tempo. Se o Governo tem problemas, teve implicações inclusive com relação à corrupção e na Lava Jato, o PMDB não está fora disso. Vários de seus próceres estão sendo acusados nessa mesma operação em que estão membros do PT.”