O comitê, disse Paulauskas, incluiu a suposta incursão russa em um relatório recente feito pelos serviços de inteligência da Lituânia sobre as ameaças que o país enfrenta. Publicado em 30 de março, o relatório acusou a Rússia de organizar regularmente exercícios militares em território de outros países, e alertou que os espiões da Rússia e da Bielorrússia poderiam estar tentando se infiltrar no Exército da Lituânia sob o disfarce de recrutas comuns.
"Foi dito no comitê que existia uma probabilidade de que isso tinha ocorrido. É difícil dizer a veracidade disso, uma vez que os dados não são 100% confirmados", observou Paulauskas.
Por sua parte, o ministro da Defesa Juozas Olekas também se recusou a revelar quaisquer detalhes do suposto incidente.
A presidente Dalia Grybauskaite, enquanto isso, disse que os funcionários do governo são aconselhados a não comentar as informações fornecidas pelos serviços de inteligência. Previsivelmente, os pedidos da imprensa local por comentários oficiais a respeito da declaração do premiê foram todos recusados.
Confusos e agitados pela falta de informação sobre a possível "incursão russa”, os lituanos apelaram para as mídias sociais para tentar chegar ao fundo do que estava acontecendo.
Além disso, continuou a ex-ministra, "quais serviços responderam [à suposta ameaça]? Eu vi um comentário do comandante dos guardas de fronteira, que disse que eles não sabem nada sobre isso. É importante perguntar, pois este é um assunto muito sério, mesmo que não se queira realmente perguntar ao nosso pobre primeiro-ministro… Jornalistas, eu quero lembrá-los de não ceder à demagogia, quando é dito a vocês que tudo isso é um segredo de Estado".
Assim, falando no parlamento lituano nesta sexta-feira (8), Jukneviciene, integrante do partido União da Pátria, pediu diretamente ao premiê para especificar quando a incursão ocorreu. Em suas palavras, enganar as pessoas sobre esta importante questão da segurança nacional é tão perigoso quanto um possível desembarque de forças especiais russas.
Por sua vez, o jornalista Liudas Dapkus, editor-chefe da Lrytas.lt, um dos portais de notícias mais populares da Lituânia, perguntou por que, se a informação era verdadeira, ninguém tinha reagido direito a ela.
"Se isso de fato ocorreu e ninguém reagiu, isto é um problema sério. Onde está a nota do Ministério das Relações Exteriores de protesto à Rússia? Onde está a decisão de reforçar a guarda costeira? Onde está o escândalo internacional? E se tudo isso não aconteceu, vá para o inferno com seus intermináveis jogos de Cloak and Dagger [referência ao filme ‘Os heróis não têm idade’]".