As fontes consultadas pelo canal não descartam que tudo não passe de uma manobra enganosa, dada a perfeita consciência que Pyongyang tem a respeito da vigilância constante mantida sobre a infraestrutura militar norte-coreana por parte de satélites espiões dos EUA.
Nas últimas semanas, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, tem supervisionado vários testes relacionados aos sistemas de defesa de mísseis do país. Por sua vez, Washington fez denúncias sobre "atividades suspeitas" nas centrais nucleares da Coreia do Norte, alertando para o fato de os EUA estarem ao alcance dos mísseis norte-coreanos.
Porém, segundo Gueorgui Toloraya, especialista russo em Coreia, o país asiático não oferece ameaça a ninguém.
"O perigo, neste caso, reside na possibilidade de os americanos não se conformarem com a atual situação e realizarem um ataque preventivo às instalações nucleares da Coreia do Norte, enquanto a capacidade de Pyongyang de conseguir atacar o solo dos EUA continua sendo mais fantasia do que realidade. Isso é consenso entre a maioria dos especialistas com os quais eu falei", afirma o analista.
"A Coreia do Norte está, neste momento, apertando este calo para causar preocupações nos EUA e provocar a tomada de certas medidas. Estas medidas, da perspectiva norte-coreana, seriam as negociações e a celebração de acordos. De certa forma, isso já está funcionando, pois, desde início de janeiro, os americanos, sem muito alarde, buscam caminhos para começar um diálogo com a Coreia do Norte, sem apresentar, como antes, condições preliminares de desnuclearização. E isso é uma grande mudança na posição americana", avaliou.
"Quanto às provocações da Coreia do Norte, daquilo que poderia realizar sob a cobertura do seu escudo nuclear: isso é mais uma fantasia para amedrontar o senso comum e os políticos. Nos últimos anos a Coreia do Norte não tem feito provocações. Sim, o país faz declarações de cunho propagandista, mostra vídeos de propaganda, realiza disparos e testes da armamentos dramatizados. Mas tudo isso, em grande parte, são campanhas publicitárias. Na prática, não houve nenhuma ação real que pudesse representar ameaça para o mundo. O mesmo não pode ser dito sobre as manobras conjuntas dos EUA e da Coreia do Sul, com simulações de ataques às instalações da Coreia do Norte, com exercícios de desembarque de fuzileiros e de eliminação física dos líderes da Coreia do Norte. A instalação de armamento norte-americano moderno na península coreana, bem como a presença de bombardeiros estratégicos e de um porta-aviões, são algo muito mais sério do que o barulho propagandista norte-coreano", concluiu o especialista.