“Penso que <…> a Abin tenta indicar que estes problemas existem porque possui certas informações, no primeiro lugar. No segundo lugar, nos últimos anos perderam o seu potencial porque o Estado lutava contra serviços especiais e exército diminuindo a sua influência sobre os processos dentro de país, ou seja colocou-os fora da vida política”, afirmou a ex-militar norte-americana e especialista nos assuntos de segurança, Viktoria Legranova.
“Quanto à ameaça terrorista crescente, é uma caraterística praticamente de todo o mundo porque nós, toda a nossa civilização, vive no tempo de uma pandemia terrorista. <…> Nenhum continente, nenhum país pode ficar isolado de tais ameaças”, sublinhou.
Também qualquer atentado no Brasil terá repercussão nos países asiáticos, a maioria dos quais são parceiros do Brasil.
Como sabem, o objetivo principal do Daesh é a construção do califado global, mas o problema é que o Brasil é o país principalmente cristão. Segundo os dados oficiais do último censo, mais de 86% dos brasileiros professam a religião cristã. Na opinião de Legranova, o Daesh não pode expandir de forma significativa no Brasil porque não possui este componente necessário como a religião islâmica. Linder pensa que, apesar do fato de que o Brasil é um país cristão, terroristas podem prorrogar a sua ideologia usando falsos pretextos.
“Agora tentam transferir a confrontação com o Daesh <…> na área interconfessional. Por isso os católicos são o alvo principal de influência, porque <…> a Igreja Católica ou seja o Papa resiste a sua penetração para a Itália <…> É realmente possível que [o alvo do Daesh seja] minar os fundamentos católicos através do Brasil e do país de origem do Papa atual [a Argentina]… É provável que isso seja um ataque contra a Santa Sé”, afirmou Dmitry Efimov, membro de Comissão de Segurança da Duma da cidade de Moscou.
“É que é bastante fácil proteger a estátua do Cristo. Deus queira que não seja o alvo. Infelizmente, o alvo dos ataques do Daesh são habitualmente as pessoas, os portadores de fé. Por isso queria atrair a atenção dos organizadores e visitantes das competições [Rio 2016] à segurança de locais de aglomeração de pessoas. Não são somente estádios, mas também praias da cidade <…> e boates”.
Os brasileiros não são muito perceptíveis à ideologia do Daesh.
“É que a ideologia básica do Daesh não é o islamismo, que na nossa percepção é o islamismo ortodoxo <…> É a exploração da ideia que todas as pessoas se inclinam à justiça e que todas serão felizes em certo momento. <…> Para o Daesh é morrer fazendo jihad [guerra santa]”.
Legranova afirmou que o Brasil pode lidar com o problema de terrorismo porque já tem a experiência necessária. Ao mesmo tempo, disse que se os terroristas conseguirem realizar ataques, os mesmos não serão tradicionais.
“Não penso que hajam atentados a bomba e etc. É preciso atrair atenção a ciberataques, ataques contra, por exemplo, centrais nucleares, infraestruturas”, disse Legranova acrescentando que terroristas também podem usar armas bacteriológicas.
Segundo Linder, as autoridades devem fazer todo o possível para prevenir que os brasileiros sejam recrutados pelos terroristas e não deixar membros de vários grupos terroristas entrarem no país.
Entretanto, a Abin já declarou que toma medidas especiais para prevenir ataques terroristas como “intercâmbio de informações com serviços estrangeiros, capacitação de profissionais de setores estratégicos e trabalhos com órgãos integrantes do Sistema Brasileiro de Inteligência". Parece que a religião pode ser a garantia principal de que o Brasil será protegido de ideologia agressiva do Daesh.