China tenciona comprar 1% do território da Austrália

© AFP 2023 / WILLIAM WESTCanguru australiano
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Os empresários chineses podem comprar uma marca nacional da Austrália, a empresa S. Kidman & Co Ltd, uma das maiores produtoras de carne no país, cujos campos ocupam cerca de 1% do território da Austrália.

Sobre o acordo entre o consórcio formado pela empresa chinesa Dakang Australia Holdings e empresa australiana Australian Rural Capital (ARC), estimado de US$ 307,7 milhões, informou a Australian Broadcasting Corporation, citando a mesma empresa S. Kidman and Co Ltd.

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Não é a primeira tentativa da empresa S. Kidman & Co Ltd, fundada em 1899, de vender o seu negócio. O rebanho de gado de 185 mil cabeças oferece à empresa a presença nos mercados de carne bovina no Japão, os EUA e Sudeste Asiático. Também não é a primeira tentativa das empresas chinesas de “cortar um pedaço do bolo australiano”, com o território comparável com a Irlanda. O acordo de compra dos ativos entre a empresa australiana com duas chinesas, incluindo a Shanghai Pengxin Group, que foi planejado para novembro do ano passado, mas foi rejeitado pelo tesoureiro australiano Scott Morrison. Ele criticou um negócio, dizendo que é "contradiz aos interesses nacionais".

Conforme a lei australiana, a venda de imóveis para estrangeiros está sujeita a aprovação por parte do Tesouro e do Conselho de Investimentos Estrangeiros (Foreign Investment Review Board — FIRB, em inglês).

Tinha dois argumentos "contra" o negócio. Um deles é o tamanho da empresa a ser vendida. Fazendas e pastagens são localizadas em 12 regiões da Austrália Ocidental, Sul e Norte da Austrália e em Queensland. Este argumento surpreendeu Greg Campbell, diretor geral da empresa S. Kidman & Co Ltd. O contra-argumento dele é que outra produtora de carne bovina australiana, a Consolidated Pastoral Company (CPC), tem o rebanho que é duas vezes maior, enquanto 90% da empresa pertencem à empresa estrangeira. O rebanho da Australian Agricultural Company é três vezes maior de que S. Kidman & Co Ltd, no entanto, a empresa também pertence ao investidor estrangeiro.

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O segundo argumento "contra" a transferência dos ativos da S. Kidman & Co Ltd à empresa chinesa foi o fato de algumas pastagens estarem situadas perto do polígono australiano de teste de mísseis Woomera. Não é a primeira vez quando o governo australiano está preocupado com a proximidade dos propriedades estrangeiras ao polígono Woomera. Em 2009, o então tesoureiro Wayne Swan, por esta razão bloqueou a compra da mineradora Oz Minerals pela estatal chinesa.

Este obstáculo foi removido para a chinesa empresa Dakang Australia Holdings. As terras agrícolas na área de polígono foram excluídas do pacote de venda. Isso aumenta a probabilidade de compra de 80% dos ativos da S. Kidman & Co Ltd pela empresa chinesa. O resto deve fazer parte da propriedade da australiana ARC. Enquanto isso, mesmo no nível mais alto entre os políticos se tornou um padrão expressaram preocupação de que o negócio contradiz os interesses de segurança nacional da Austrália.

Sob este pretexto, foram bloqueados muitos projetos das compras e aquisições dos ativos pelas empresas chinesas. Este fato foi admitido em entrevista concedida à Sputnik pelo diretor da Escola de Economia Mundial de Instituto de Relações Internacionais Contemporâneas da China, Chen Fengying.

A seguir, a íntegra do comentário de Chen Fengying:

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"A tendência de introdução das medidas restritivas contra as empresas chinesas, para impedir o desenvolvimento dos mercados no exterior, reflete a teoria popular dos últimos anos da ‘ameaça chinesa’. Eles temem que as empresas chinesas vão perturbar a existência confortável dos produtores nacionais, aumentando a concorrência. Uma vez que cada estado tem suas próprias ideias sobre o desenvolvimento nacional, então a China também tem sua própria estratégia. A chegada das empresas chinesas no qualquer Estado implica o aumento da concorrência com os produtores nacionais. No maioria dos casos eles acreditam que qualquer setor que seja, China será uma ameaça para eles. Por exemplo: quando os chineses compram imóveis no estrangeiro, as empresas locais declaram que o preço dos para eles pode ser maior. Quando a China compra ativos, eles [os parceiros estrangeiros] afirmam que estes ativos não podem ser vendidos a outros Estados. Eles também consideram que alguns produtos e marcas, compradas pela China, podem ameaçar a segurança nacional. No entanto, a compra e aquisição dos ativos das empresas – é uma tendência inevitável no cenário internacional, é um passo necessário para reestruturar a economia global. O processo de formação da economia mundial ainda não terminou, a globalização da economia ainda está em andamento. Devemos prestar atenção ao fato que as empresas de energéticas e petrolíferas europeus e americanos também estão envolvidos no processo de fusões e aquisições. Isso ocorre porque cada empresa deve passar uma fase quando é necessário aumentar a sua competitividade através da participação neste processo. Dá para entender as dúvidas dos países sobre a participação de empresas chinesas em fusões e aquisições, mas não se pode impedir a entrada das empresas chinesas nos mercados estrangeiros com as medidas restritivas, porque é um processo económico objetivo".

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