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Deputados pró e contra Dilma falam da atuação da presidente na ONU

ENTREVISTA COM ENIO VERRI E COM DANIEL COELHO
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Dois deputados federais – um governista, Ênio Verri (PT-PR), e um oposicionista, Daniel Coelho (PSDB-PE) – comentam a fala de Dilma Rousseff na ONU nesta sexta-feira, 22. “Discurso de uma estadista”, afirma o petista. “Ela quis passar a imagem de um golpe”, diz o parlamentar do PSDB.

Ao discursar nesta sexta-feira, 22, na Assembleia das Nações Unidas que ratificou as conclusões da Conferência do Clima (COP21) em dezembro de 2015, a Presidenta Dilma Rousseff mencionou que o mundo também precisa priorizar o combate à pobreza e às desigualdades sociais. Mas a política interna do Brasil não ficou de fora do pronunciamento da presidente. No último parágrafo do seu discurso, Dilma falou da situação política que está enfrentando no país.

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“Não posso terminar minhas palavras sem mencionar o grave momento que vive o Brasil”, disse a presidente. “A despeito disso, quero dizer que o Brasil é um grande país, com uma sociedade que soube vencer o autoritarismo e construir uma pujante democracia. Nosso povo é um povo trabalhador e com grande apreço pela liberdade. Saberá, não tenho dúvidas, impedir qualquer retrocesso. Sou grata a todos os líderes que já expressaram sua solidariedade.”

Em torno do pronunciamento de Dilma Rousseff, Sputnik Brasil ouviu dois deputados federais, um governista e outro oposicionista.

Ênio Verri (PT-PR) elogiou o pronunciamento, mas disse que esperava da presidente “menções ao golpe parlamentar que ela está enfrentando”. Nas palavras do deputado petista, “as manobras de que Dilma está sendo vítima deveriam ter sido denunciadas ao mundo”.

Já Daniel Coelho (PSDB-PE) destacou que “a presidente agiu muito bem ao não misturar as questões política e climática”. Na avaliação do parlamentar oposicionista, “não caberia naquele auditório da ONU, tomado por chefes de Estado e de Governo, fazer qualquer consideração estranha ao tema da preservação ambiental e das mudanças climáticas que afetam a Terra”.

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Ênio Verri enfatizou que “mais uma vez a Presidenta Dilma se comporta como uma estadista. Confesso que eu esperava que fosse um pouco menos estadista, que ela de fato e de forma mais clara e direta denunciasse o golpe que está ocorrendo aqui no Brasil, por parte da elite brasileira”.

O deputado do PT explica o que teria levado a presidente a não falar sobre o golpe:

“Antes de tudo, o compromisso dela com o Brasil. Ela coloca o povo brasileiro acima de tudo, e sabe que ao denunciar de forma excessivamente clara o golpe, o risco por que passa a democracia no Brasil e a fragilidade que a República está vivendo nesse momento, isso pode repercutir exageradamente, de forma negativa, à população brasileira. Não concordo com ela, esperava que ela fosse até mais incisiva, mas respeito a posição dela, que indica a preocupação que tem com o Brasil.”

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O Deputado Daniel Coelho discorda da análise de Ênio Verri:

“Ela [a presidente] fez todo um preparativo, que começou no Brasil com a entrevista coletiva feita por Lula, sempre com o intuito de vender para a imprensa internacional a versão de um golpe, sem mencionar que ela se encontra isolada entre as instituições, isolada sem o apoio do STF, sem o apoio da OAB, das instituições democráticas do Brasil, do Parlamento e de todas as instituições importantes para qualquer democracia. É evidente que na ONU e na frente de todos os chefes de Estado você tem limites no que pode falar. A conversa com a imprensa é uma, na frente dos chefes de Estado é outra. Acho que essa tentativa de vender, para países estrangeiros, que aqui está havendo algo diferente do processo democrático e do respeito à Constituição, é algo que não vai se sustentar, até porque não existe democracia sem a Justiça e sem o Legislativo. O pilar da democracia está no equilíbrio entre esses três poderes. Então, ninguém pode falar em golpe ou em queda do processo democrático quando a Justiça e o Legislativo estão cumprindo seu papel.”

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