Único presidente do Brasil a sofrer impeachment, Fernando Collor de Mello, hoje senador pelo PTC de Alagoas, foi convidado por Sputnik Brasil a conceder entrevista sobre o tema. A proposta, levada a Collor por meio de sua assessoria, era de que comparasse o processo que viveu em 1992 ao momento político por que está passando a Presidenta Dilma Rousseff.
A resposta foi que “o senador não tem dado entrevistas sobre este tema, limitando seus comentários aos manifestos que tem realizado na tribuna do Congresso Nacional”. O gabinete de Collor, então, passou à Sputnik os textos dos recentes pronunciamentos do ex-presidente em torno da questão.
Collor afirma não se sentir nada à vontade com a situação que terá de enfrentar no Congresso Nacional dentro de algumas semanas, quando o Plenário do Senado iniciará a votação do processo de impeachment da presidente da República. “A partir de agora, esta Casa passa a ser um tribunal, e nós, senadoras e senadores, os juízes. Portanto, antes de qualquer medida, precisamos nos imbuir da índole da serenidade e do espírito moderador”, disse ele aos seus pares.
Sobre sua posição individual em relação ao impeachment de Dilma Rousseff, o Senador Fernando Collor diz que vive “uma situação extremamente singular e uma expectativa talvez já imaginada pelo meio político. Sou um ex-presidente da República, único a exercer hoje um mandato conferido pelas urnas. Nessa condição, estou sujeito a ter que votar o impeachment da presidente da República, tendo sido eu o único presidente do Brasil que passou pela experiência de enfrentar igual processo, até o fim”.
Fernando Collor confessa sentir pesar “pela possibilidade de ter que participar do julgamento de um governo cujos principais atores e partido protagonizaram exatamente o meu impeachment”.
Assim, Collor parece antecipar seu voto no processo: “Não me sinto à vontade neste papel, até porque não carrego mágoas e, menos ainda, sentimentos subalternos. Entretanto, diante da autorização da Câmara para a instauração do processo aqui no Senado Federal, não terei alternativa.”
A respeito da tão repetida, pela mídia, comparação entre o impeachment de 1992 e o processo de 2016, o senador diz que não é sua intenção “traçar paralelos, fazer analogias ou exprimir comparações entre a instabilidade política por que passou o meu governo, há quase 25 anos, e a grave crise institucional, política, econômica, ética e social em que se encontra o Brasil de hoje. Até porque todo o cotejamento possível entre os dois momentos e os respectivos processos de impeachment, seja pelas motivações e efeitos, seja pelas circunstâncias, métodos e prazos, creio, tem sido naturalmente feito pelos analistas, pela classe política e pela própria população brasileira. Qualquer palavra minha, nesse sentido e neste momento, pode vir a ser mal interpretada, mal assimilada ou mesmo desvirtuada de minha real intenção”.