“Por levar em conta fatores extremamente complexos, a Lei de Responsabilidade é absolutamente peculiar porque conjuga elementos jurídicos e políticos”, explica Neisser. “Seu rito como que define uma espécie de processo penal, mas vai além disso, na medida em que exige a caracterização de que ilícitos penais foram cometidos por agentes políticos. Por isso, a aplicação da Lei de Responsabilidade exige muita cautela.”
O advogado acrescenta:
Fernando Gaspar Neisser explica por que a lei exige que o processo seja presidido pelo mais importante membro da Suprema Corte:
“A exigência foi criada como forma de o legislador preservar a determinação de que nenhum ilícito penal escape à apreciação do Poder Judiciário. Ainda que este Poder não vá efetivamente julgar a pessoa acusada (no caso, a presidente da República), o presidente do Supremo Tribunal Federal assume a condução do processo e orienta os senadores sobre os procedimentos legais que terão de observar. Então, o presidente do Supremo exibe a sua autoridade de líder do Poder Judiciário e ao mesmo tempo colabora para que os senadores possam votar estritamente dentro da lei.”
Para o Dr. Fernando Gaspar Neisser, a situação é por si só complexa, já que o Brasil é um país presidencialista: