Um importante interlocutor presidencial disse ainda que a revisão dos atos baixados por Dilma Rousseff terá como ponto de partida a data de 2 de dezembro de 2015, em que o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, aceitou o pedido de impeachment da presidente da República, formulado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal.
Para alguns, as atitudes de Temer poderão soar como retaliação a Dilma e, sobretudo, a Lula e ao PT. Para outros, poderão receber a interpretação de que, como atual chefe de Governo, Temer cumpre o seu papel de gestor do Estado, determinando um exame mais aprofundado das medidas tomadas pela sua antecessora e que, em duas eleições consecutivas (2010 e 2014), foi sua companheira de chapa, embora alguns queiram negar o óbvio.
Como se não bastasse, o novo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, anunciou que o diálogo será a tônica deste Governo, porém os movimentos sociais terão de adequar a sua atuação ao respeito à ordem legal do país, conforme todos estão sujeitos. Alguns interpretaram estas declarações como ameaça de repressão. Outros ficam com a avaliação de que um promotor de Justiça, como Alexandre de Moraes, não se furtará ao papel de guardião das leis e da ordem constituída. Em outras palavras: a Constituição Federal garante o direito de livre manifestação e associação, e o Código Penal e leis complementares definem as punições aplicáveis a tudo aquilo que a legislação do país considera crime.
Em entrevista a uma rede de televisão, exibida na noite do domingo, 15, e intensamente replicada na programação da mesma rede nesta segunda-feira, 16, o Presidente Michel Temer disse estar sereno e convicto de que são necessárias medidas rigorosas nesta sua fase inicial de governança. Disse não temer (sem trocadilho) a impopularidade, desde que essas medidas revertam para o bem do país. O que Temer não disse, porém deixou implícito na entrevista, é que todas as suas decisões estão sendo embasadas nas longas conversações que manteve, mantém e continuará mantendo na tentativa de consolidar seu Governo.