Treinamentos dos EUA podem ser forma de obter informações sobre a China

© AFP 2023 / FREDERIC J. BROWN / Acessar o banco de imagensOficiais da marinha chinesa aguardam a chegada do USS Curtis Wilbur ao porto de Quingdão
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Um militar sul-coreano, que pediu anonimato, revelou que seu país participará dos treinamentos militares trilaterais com os EUA e o Japão, que deverão ocorrer em 28 de junho próximo na área das Ilhas de Havaí para treinar a cooperação na deteção de lançamentos de mísseis por parte da Coreia do Norte, assim como o acompanhamento de suas trajetórias.

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De acordo com as informações obtidas pela agência de notícias Associated Press os militares planejam desdobrar sistemas de combate Aegis instalados nos navios de guerra. De acordo com a fonte, o objetivo desta operação é identificar os parâmetros de lançamentos balísticos norte-coreanos. Porém, o treinamento de intercepção de mísseis não está programado segundo o militar, o que contradiz as publicações do jornal japonês Asahi, que informou sobre treinamentos de intercepção e destruição de mísseis balísticos.

Os ensaios ocorrerão no âmbito das negociações entre Washington e Seul sobre a possível instalação no sul da península coreana do sistema de intercepção de mísseis balísticos de médio e curto alcance THAAD. O motivo oficial é a contenção do potencial nuclear da Coreia do Norte. Entretanto, a China declara ser decisivamente contra tal medida, vendo nesta um mecanismo de contenção do seu potencial balístico.

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Na opinião do diretor do Centro russo de Estudos Sociais e Políticos, Vladimir Evseev, os primeiros ensaios militares dos EUA, Japão e Coreia do Sul não serão limitados ao posicionamento do sistema Aegis. É provável que sejam realizados ataques simulados a réplicas de mísseis, que eventualmente podem ser lançados do território tanto da Coreia do Sul, como de outros países, diz o analista.

"Acredito que a China deve condenar veementemente estes ensaios, pois trata-se do envolvimento da Coreia do Sul no sistema global de DAM norte-americano. Parece que, até o final de junho, pode ser tomada uma decisão definitiva sobre a implantação do THAAD estadunidense no sul da península coreana. Talvez isso inclua uma ou duas baterias com a respetiva infraestrutura de radares. Esta, mesmo em regime regular de monitoramento, permitirá obter informações sobre China, o que causa preocupações por parte de Pequim. Os ensaios trilaterais deste tipo podem significar que, em teoria, as partes podem criar um agrupamento naval de destroieres e cruzadores equipados com sistemas de combate Aegis e mísseis interceptores SM-3. Estes navios têm capacidade de efetuar a intercepção de lançamentos de mísseis chineses. Os sistemas a serem desenrolados na Coreia do Sul e na China, assim como os radares da Marinha permitirão detectar com antecedência os lançamentos de mísseis chineses. Os próximos ensaios podem representar um primeiro passo para tal desenrolamento".

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Os ensaios de Seul e Washington em abril foram recebidos em Pyongyang com declarações extremamente duras. A Coreia do Norte não excluiu a possibilidade de uso preventivo de suas forças nucleares. Os novos ensaios podem provocar uma nova onda de tensões tanto em redor da Coreia do Norte, como nas relações sino-americanas.

"Em primeiro lugar, fortalecerão a defesa do litoral com vários sistemas de misseis. Acredito que a China vai prestar mais atenção ao fortalecimento do potencial da aeronáutica militar, que impediria de desenrolar qualquer agrupamento naval armado com SM-3 na proximidade das suas fronteiras. Além disso precisará de aumentar frota da sua marinha".

© AFP 2023 / HO / US NAVY / Acessar o banco de imagensMíssil SM-3 está sendo lançado de destroier USS Decatur no Oceano Pacífico (imagem ilustrativa)
Míssil SM-3 está sendo lançado de destroier USS Decatur no Oceano Pacífico (imagem ilustrativa) - Sputnik Brasil
Míssil SM-3 está sendo lançado de destroier USS Decatur no Oceano Pacífico (imagem ilustrativa)

Seja o que for, uma nova onda de confrontação na Ásia oriental, assim como a continuação de corrida armamentista é o cenário mais provável na região. A interferência maior dos EUA nas disputas territoriais no Mar do Sul da China e no Mar da China Oriental pode provocar, no mínimo, incidentes armados.

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Os analistas anotam mais dois detalhes interessantes – os entendimentos sobre a realização dos ensaios trilaterais foram atingidos durante as consultas realizados em Seul em 19 de abril, já depois do líder chinês Xi Jinping comentar ao presidente estadunidense Barack Obama a posição do seu país sobre o desenrolamento do sistema de defesa antimíssil no sul da península coreana. A outra detalhe – é que o lugar dos ensaios foi anunciado depois do encontro dos chanceleres russo Sergei Lavrov e chinês Wang Yi, na qual os diplomatas avisaram os EUA contra o desenrolamento de DAM THAAD norte-americana  na República de Coreia. De acordo com eles, isto afetaria os interesses estratégicos de segurança da China e da Rússia.

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