Falando à Sputnik Brasil, o presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo, professor da Universidade Nacional de Brasília, esclarece que o pedido se baseia na publicação pelo jornal “Folha de S. Paulo” (edição de segunda-feira, 23) da transcrição da conversa mantida entre Romero Jucá e o ex-presidente da Transpetro e ex-líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado, em que o parlamentar aborda a possibilidade de paralisar a Operação Lava Jato.
Romero Jucá e vários outros parlamentares, além do próprio Sérgio Machado, estão sendo investigados na Lava Jato, operação conduzida pelo Ministério Público Federal de Curitiba e pelo Juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal Criminal da capital do Estado do Paraná.
Nas palavras de Luiz Araújo, “a leitura da conversa mantida entre Sérgio Machado e Romero Jucá não deixa dúvidas de que o senador quis interferir no andamento das investigações judiciais e policiais”, estas últimas realizadas pela Polícia Federal.
“As gravações que foram dadas ao conhecimento da população, pela imprensa, mostram claramente uma tentativa de obstrução da Justiça, caso similar ao que levou à prisão e à perda do mandato do Senador Delcídio do Amaral. O agravante é que Romero Jucá contou claramente que isso não foi um gesto individual, mas uma articulação política para se utilizar do impeachment para conseguir um salvo-conduto na tentativa de abafar uma investigação no caso da Operação Lava Jato.”
Luiz Araújo acrescenta:
“Tirar Jucá do Ministério do Planejamento é muito pouco para os indícios de crime que foram identificados nas gravações. Entramos com o pedido para que a Procuradoria peça ao Supremo Tribunal o mesmo que pediu em relação ao Senador Delcídio.”
O presidente do PSOL enfatiza que seu partido quer do STF que Jucá seja preso, “por obstrução da Justiça, que foi o mesmo caso do Delcídio. Não se pode deixar alguém que tem poder para tentar obstruir, que o faça. Não há provas, mas há indícios de tentativa, e o STF deve cuidar para que a obstrução não aconteça”.
“Talvez com a delação premiada de Sérgio Machado nós saibamos mais do que o diálogo dessa gravação, mas ficou evidente nessa gravação que a adesão tão entusiasta do Senador Romero Jucá ao processo de impeachment estava vinculada ao que nós estamos chamando de tentativa de salvo-conduto. Uma espécie de troca: facilita-se a retirada da Presidente Dilma do poder mas as investigações precisam cessar, contra as principais figuras do PMDB investigadas e citadas várias vezes na Operação Lava-Jato.”