“As estrelas nascem a partir de aglomerações de gás, mas, como mostram os estudos das últimas décadas, em muitas galáxias, apesar da presença de ‘material de construção’, não se formam novas estrelas. Isso é comparável com um deserto, cheio de nuvens mas sem chuva. Nós sabíamos que o processo de nascimento de novas estrelas nas galáxias tranquilas é de alguma forma suprimido, mas agora nós pensamos que os ‘gêiseres vermelhos’ são os culpados disso”, afirmou Edmond Cheung da universidade de Tóquio (Japão).
No centro da Via Láctea e de quase todas as galáxias existe um buraco negro supermassivo, que, de maneira invisível, “dirige” o processo de circulação de matéria na galáxia. Durante muito tempo, os astrônomos consideravam que a ativação dos buracos negros levava à devastação da galáxia e à suspensão dos processos de formação das estrelas, porque o buraco negro esquenta e emite nuvens de poeira fria e hidrogênio (a partir dos quais se formam as estrelas) para fora da galáxia.
Somente no ano passado os cientistas receberam as primeiras confirmações diretas de que esse processo está realmente acontecendo quando observaram a galáxia F11119 na constelação de Ursa Maior. O que não ficou claro foi como os buracos negros conseguem “abortar” a formação das estrelas e por que razão estes não perdem a força quando ficam sem “alimento”.
Scientists have uncovered a new class of galaxies, called "red geysers," with supermassive black hole winds so hot… https://t.co/DKMHBWfXro
— DR Alex (@dr_alex27) 25 мая 2016 г.
Chung e seus colegas conseguiram responder a essa pergunta, usando o atlas das galáxias próximas SDSS-IV MaNGA, que foi feito e publicado recentemente pelo levantamento astronômico Sloan Digital Sky Survey (SDSS, na sigla em inglês). Nestes mapas, os cientistas estavam interessados no espetro das nuvens de gás em outras galáxias através do qual eles conseguiram determinar os movimentos destas aglomerações de hidrogênio, bem como o motivo que as faz mover.
Tais fluxos de gases, segundo os cientistas, podem ser formados perto do buraco negro, mesmo quando este fica “sem alimentação” e não absorve grandes massas de gás e poeira. Segundo Chung, estes fluxos têm o poder suficiente para “misturar” o gás na galáxia, esquentá-lo e torná-lo inútil para a formação de novas estrelas. Isto pode explicar porque hoje cerca de metade das galáxias no universo visível são, de fato, meio mortas, concluem os cientistas.