Tendo como exemplo vários países latino-americanos que receberam ajuda do FMI durante os finais do século XX, verifica-se que às vezes os empréstimos do fundo fazem mais mal do que bem à economia do devedor.
Agindo de acordo com as recomendações do FMI, o então ministro argentino das Finanças, Domingo Cavallo conseguiu conter a estagflação verificada na economia do seu país antes de 1990. As políticas de liberalização, desregulamentação e privatização resultaram em algo que é muitas vezes chamado de "maravilha econômica".
A "terapia de choque" levada a cabo pelo governo militar brasileiro entre 1983 e 1984 foi um dos principais fatores que contribuíram para a sua demissão, já que a campanha de desobediência civil e distúrbios em massa provocadas pelas reformas reforçaram a oposição.
Tendo em conta a atual instabilidade política na Ucrânia, a corrupção e o estado péssimo da economia, continua pouco claro como o país conseguirá pagar os empréstimos que já contraiu, sem mencionar a ajuda financeira adicional que Kiev pode pedir em um futuro próximo.
Stanislav Grigoriev, conselheiro na empresa Herbert Smith Freehills, disse ao site russo Lenta.ru que o futuro da dívida em questão depende muito da natureza do acordo entre o FMI e Kiev.
"Tenho dúvidas de que o FMI esteja interessado em qualquer tipo de propriedade na Ucrânia. É possível que uma parte da dívida seja cancelada e outra parte seja reestruturada", opinou Grigoriev, notando que o FMI pode exigir que Kiev privatize certos ativos para que a Ucrânia consiga pagar a dívida.
Aconteça o que acontecer, uma coisa já é clara: os problemas atuais e a instabilidade da economia ucraniana estão longe de chegar ao fim.