Opinião: dependência do FMI pode custar caro à Ucrânia

© AFP 2023 / MOLLY RILEY A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde. 16 de abril, 2016
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde. 16 de abril, 2016 - Sputnik Brasil
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A grande dependência dos empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) tem um efeito muito nocivo para a economia do país a longo prazo.

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Quando o FMI foi criado na conferência em Bretton Woods em 1944, foi considerado um tipo de União das Nações econômico. Mas parece que a política atual do FMI em questões de prestamento de ajuda financeira em troca de reformas econômicas nem sempre garante a prosperidade, para não dizer mais.

Tendo como exemplo vários países latino-americanos que receberam ajuda do FMI durante os finais do século XX, verifica-se que às vezes os empréstimos do fundo fazem mais mal do que bem à economia do devedor.

Agindo de acordo com as recomendações do FMI, o então ministro argentino das Finanças, Domingo Cavallo conseguiu conter a estagflação verificada na economia do seu país antes de 1990. As políticas de liberalização, desregulamentação e privatização resultaram em algo que é muitas vezes chamado de "maravilha econômica".

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Mesmo assim, o sucesso provou ser de relativamente curta duração, já que as mesmas políticas pouco fizeram para impedir a crise econômica que se iniciou no país em 2001.

A "terapia de choque" levada a cabo pelo governo militar brasileiro entre 1983 e 1984 foi um dos principais fatores que contribuíram para a sua demissão, já que a campanha de desobediência civil e distúrbios em massa provocadas pelas reformas reforçaram a oposição.

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Oops, Ucrânia ainda não sabe o que significa cooperar com o FMI
Segundo o presidente da Bolívia Evo Morales, os conselhos do FMI custaram ao seu país uma parte significativa dos lucros do petróleo, que ele estimou aproximadamente em 32 bilhões de dólares em 10 anos.

Tendo em conta a atual instabilidade política na Ucrânia, a corrupção e o estado péssimo da economia, continua pouco claro como o país conseguirá pagar os empréstimos que já contraiu, sem mencionar a ajuda financeira adicional que Kiev pode pedir em um futuro próximo.

Stanislav Grigoriev, conselheiro na empresa Herbert Smith Freehills, disse ao site russo Lenta.ru que o futuro da dívida em questão depende muito da natureza do acordo entre o FMI e Kiev. 

"Tenho dúvidas de que o FMI esteja interessado em qualquer tipo de propriedade na Ucrânia. É possível que uma parte da dívida seja cancelada e outra parte seja reestruturada", opinou Grigoriev, notando que o FMI pode exigir que Kiev privatize certos ativos para que a Ucrânia consiga pagar a dívida.

Aconteça o que acontecer, uma coisa já é clara: os problemas atuais e a instabilidade da economia ucraniana estão longe de chegar ao fim.

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