"A maior parte do território controlado [por Daesh] representa um deserto", diz o relatório da Stratfor, preparado pelo analista Omar Lamrani. "Se olharmos nas áreas principais que o grupo ocupa na Síria – no norte da província de Aleppo, Raqqa e [Deir ez-Zor] – podemos constatar, que [os terroristas] continuam perdendo terrenos do seu autoproclamado império".
Nestas regiões as coisas do Daesh não estão andando tão bem.
Norte de Aleppo
A província síria de Aleppo é extremamente importante para a sobrevivência do Daesh [organização terrorista proibida na Rússia], pois o grupo depende muito de novos militantes, fornecimento de armas e munições, que vêm do território da Turquia. A maior parte destas vias tem sido cortadas pelos curdos. As poucas que permanecem sob controle dos jihadistas (como Manbij) devem ser liberados daqui há pouco.
Além disso, a aldeia de Dabiq, situada nesta região, de acordo com as convicções do Daesh, será o local do combate final do apocalipse.
No norte do Aleppo, o Daesh está sendo pressionado de três lados. As Forças Armadas de Damasco, com apoio da aviação russa e dos aliados na região, atacam do sul. As Forças Democráticas da Síria (FDS) apoiadas pelos EUA, avançam de oeste atravessando rio Eufrates, enquanto os rebeldes da cidade de Azaz atacam do leste. Além disso, a Turquia bombardeia as regiões na fronteira norte.
"Mas tem ainda mais uma ofensiva se desenrolando, que, se for bem-sucedida, vai apresentar uma ameaça vital ao [domínio do Daesh] no norte de Aleppo, pois separaria completamente esta região das outras partes do território sírio", indica o analista, referindo-se ao ataque à cidade de Tabqa, no lago Assad, na província de Raqqa.
Se esta operação tiver sucesso, o caminho que liga a capital dos terroristas, Raqqa, ao norte da província de Aleppo será cortado.
Raqqa – Capital do Daesh
As FDS e Exército Árabe da Síria estão avançando no sentido de Raqqa. Os analistas descrevem o progresso deles como ‘ordenado’, porém limitado pelas necessidades de treinar novos milícias do FDS. Entretanto, eles não têm dúvida que a cidade será liberada.
A queda de Raqqa representará uma vitória simbólica sobre o grupo terrorista.
A cidade não é somente considerada a capital do império do Daesh, é "um terminal importante de pessoas e fornecimentos", explicam os analistas. "Raqqa está situada nas margens do Rio Eufrates, é um núcleo imprescindível de controle de várias estradas na Síria, além de ser uma das maiores e mais habitadas cidades controladas pelo Daesh e um centro económico importante, superado somente por Mosul, no Iraque".
Deir ez-Zor – a província rica em petróleo
Diferentemente de Aleppo e Raqqa, os territórios de Deir ez-Zor dominados pelo Daesh não estão ameaçados no momento atual. "A cidade está sendo disputada entre jihadistas e forças governamentais, mas os militantes controlam plenamente o resto da província", observam os analistas.
As forças governamentais e as FDS não consideram a liberação da região entre as prioridades urgentes, porém o exército sírio tem como utilizar seu sucesso anterior em Palmira para preparar um ataque nesta província. Entretanto, o Jordão, a Grã-Bretanha e os EUA criaram na região uma nova força anti-Daesh, conhecida como Novo Exército Sírio.
Apesar disto, o Daesh mantém a combatividade e a possibilidade de se adaptar à evolução da situação, ele não se renderá sem luta. Como os jihadistas estão perdendo cada vez mais suas capacidades convencionais, passarão, de novo, a causar o caos na região por meio de ações isoladas.
"Em vez de se concentrarem no controle do território, o grupo retornará aos métodos de guerrilha com vistas a obter mais flexibilidade e mobilidade para atacar e enfraquecer seus inimigos", dizem os analistas.