Também, segundo Gurcan, é muito importante compreender quem realizou o atentado – se militantes enviados de Raqqa ou uma célula local do Daesh na Turquia. A segunda variante é mais perigosa porque no território da Turquia podem funcionar até 30 estruturas terroristas. O atentado no aeroporto pode ser o primeiro de uma série de ataques em outros países, porque "usando linguagem figurada, o Daesh considera a Turquia como a sua mãe substituta imitação". O Daesh precisa de um centro para treinar terroristas e planejar ataques. Como as suas posições na Síria e no Iraque enfraquecem, ele aumentará o apoio às suas sucursais em outros países, inclusive na Turquia.
"Tendo em conta o recente atentado, surge a questão de como Ancara coloca suas prioridades do ponto de vista da segurança do país. Como ameaças principais a liderança considera o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e o Daesh. Ancara tenta atingir dois objetivos de uma assentada <…>", disse Gurcan.
Na opinião do especialista, a pergunta principal é se a liderança do país usará uma retórica que divide a população ou tentará uni-la para derrotar o terrorismo? Agora a propaganda fez seu trabalho e a maioria dos turcos é mais favorável em relação ao Daesh que aos curdos.
Quanto às razões do atentado no aeroporto Ataturk, Gurcan disse que podem estar relacionados com os passos mais recentes da Turquia.
"Deste ponto de vista, penso que tiveram o seu papel as mudanças radicais na política de Ancara e o processo de normalização de relações com a Rússia", disse.
Na segunda-feira (27), Erdogan enviou ao líder russo uma carta na qual pediu desculpas pelo abate do Su-24 e expressou condolências em relação à morte do piloto da aeronave, declarando que a Turquia não quis deteriorar as relações com a Rússia.