"Meu voto está lacrado pela complexidade do voto, pelo tamanho do recurso que tive que analisar e pela importância da matéria. Não gostaria que meu voto fosse analisado pela letra fria. Quero, ao ler, acrescentar meus comentários para que não haja dúvida sobre a imparcialidade do parecer", explicou Fonseca.
O parecer será lido e discutido em uma sessão às 10h locais. Para ser aprovado, o parecer de Fonseca precisará dos votos da maioria dos 66 integrantes da comissão. Se a CCJ decidir que Cunha tem razões para apontar problemas durante a tramitação do processo, a decisão pode provocar a reabertura do caso no conselho que, no último dia 14, aprovou a cassação do mandato de Cunha por 11 votos a nove.
Segundo assessores de Fonseca, os pontos que mais exigiram a atenção do relator foram: os questionamentos sobre o possível aditamento de informações sobre recebimento de propina na representação; o que trata da votação ter sido nominal; e o que aponta que Marcos Rogério não poderia ter continuado como relator do caso, depois de ter mudado de partido com a janela partidária.
O advogado de Cunha já foi notificado ontem para comparecer à sessão de quarta-feira. O deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), presidente da CCJ, disse que a leitura será concluída na própria quarta-feira, ainda que precise convocar outra sessão extraordinária para o final do dia ou noite.
Cunha é acusado de ter mentido à CPI da Petrobras quando, em março do ano passado, negou ter contas no exterior. Documentos do Ministério Público da Suíça enviados ao Brasil, no entanto, apontaram a existência de contas ligadas a ele naquele país.
A representação contra Cunha foi apresentada em outubro pelo PSOL e pela Rede Sustentabilidade. Durante os mais de oito meses de tramitação do processo, Cunha admitiu apenas ser beneficiário de trust – administradores de bens de terceiros.