Grã-Bretanha pagou na totalidade por seguir política externa dos EUA

© REUTERS / Peter NichollsA demonstrator wearing a mask to impersonate Tony Blair protests before the release of the John Chilcot report into the Iraq war, at the Queen Elizabeth II centre in London, Britain July 6, 2016.
A demonstrator wearing a mask to impersonate Tony Blair protests before the release of the John Chilcot report into the Iraq war, at the Queen Elizabeth II centre in London, Britain July 6, 2016. - Sputnik Brasil
Nos siga no
Embora o relatório Chilcot sobre o envolvimento do Reino Unido na invasão ao Iraque em 2003, liderada pelos EUA, não contivesse quaisquer grandes revelações, ele serve para os britânicos como um alerta e “o último prego no caixão" do rumo da política externa de Londres.

Soldados da artilharia britânica recebem um canhão lançado do helicóptero, península Fao, sul do Iraque, março de 2003 - Sputnik Brasil
Pesquisa: Reino Unido entrou na guerra no Iraque antes disso ser o último recurso
A política externa de Londres nos últimos 25 anos foi em grande parte traçada pelo exterior, disse à Rádio Sputnik o analista de defesa Vladislav Shurygin.

Os EUA e seus aliados lançaram uma operação militar no Iraque contra o ex-presidente Saddam Hussein em 20 de março de 2003. Washington demorou menos de um ano para esclarecer que os líderes iraquianos não possuíam armas de destruição em massa e, portanto, não representavam uma ameaça.

Nos últimos tempos, o descontentamento da Grã-Bretanha com o rumo de política externa que Londres tinha prosseguido durante mais de duas décadas (e a campanha no Iraque foi uma parte dela) veio recentemente à tona, disse o analista.

Durante este período "Grã-Bretanha perdeu sua política externa independente e optou por seguir o exemplo de Washington, esperando receber os benefícios", observou Shurygin. "Afinal se descobriu que [a Grã-Bretanha] nesses anos apenas pagou um ‘imposto do sangue’ e os britânicos, essencialmente, não receberam nada em troca".

David Cameron, primeiro-ministro britânico - Sputnik Brasil
David Cameron: 'Erros no Iraque não significam que invasão foi uma falha'
O inquérito muito demorado, liderado por Sir John Chilcot, descobriu que naquele tempo o primeiro-ministro britânico Tony Blair tomou a decisão de invadir o Iraque, exagerando a ameaça que esse país representava para seus vizinhos e, além disso, naquele momento não tinham sido esgotados todos os meios diplomáticos para resolver a crise.

Também toda a política relativamente ao Iraque foi baseada em inteligência e avaliações falhas. Para mais, os militares britânicos foram mal preparados e mal equipados para a guerra e para a fase posterior ao conflito. As tropas britânicas deviam ocupar a cidade iraquiana de Bara e seus arredores ricos em óleo, mas foram forçadas a obter um acordo com a poderosa milícia local. Sir Chilcot descreveu isso como uma experiência "humilhante".

Neste contexto, o relatório Chilcot, publicado em 6 de julho, divulgou informações que já eram conhecidas há muito tempo. "É uma espécie de ‘último prego no caixão’ da política que a Grã-Bretanha pratica", observou Shurygin. "É por isso que este relatório certamente terá repercussões".

O analista aconselhou que Londres possa tentar se distanciar de Washington. O governo britânico vai tentar desempenhar um papel em política externa cada vez mais independente em uma tentativa de recuperar o espírito do Império Britânico. Sem dúvida que os Estados Unidos não vão gostar disso.

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала