Os EUA e seus aliados lançaram uma operação militar no Iraque contra o ex-presidente Saddam Hussein em 20 de março de 2003. Washington demorou menos de um ano para esclarecer que os líderes iraquianos não possuíam armas de destruição em massa e, portanto, não representavam uma ameaça.
Nos últimos tempos, o descontentamento da Grã-Bretanha com o rumo de política externa que Londres tinha prosseguido durante mais de duas décadas (e a campanha no Iraque foi uma parte dela) veio recentemente à tona, disse o analista.
Durante este período "Grã-Bretanha perdeu sua política externa independente e optou por seguir o exemplo de Washington, esperando receber os benefícios", observou Shurygin. "Afinal se descobriu que [a Grã-Bretanha] nesses anos apenas pagou um ‘imposto do sangue’ e os britânicos, essencialmente, não receberam nada em troca".
Também toda a política relativamente ao Iraque foi baseada em inteligência e avaliações falhas. Para mais, os militares britânicos foram mal preparados e mal equipados para a guerra e para a fase posterior ao conflito. As tropas britânicas deviam ocupar a cidade iraquiana de Bara e seus arredores ricos em óleo, mas foram forçadas a obter um acordo com a poderosa milícia local. Sir Chilcot descreveu isso como uma experiência "humilhante".
Neste contexto, o relatório Chilcot, publicado em 6 de julho, divulgou informações que já eram conhecidas há muito tempo. "É uma espécie de ‘último prego no caixão’ da política que a Grã-Bretanha pratica", observou Shurygin. "É por isso que este relatório certamente terá repercussões".
O analista aconselhou que Londres possa tentar se distanciar de Washington. O governo britânico vai tentar desempenhar um papel em política externa cada vez mais independente em uma tentativa de recuperar o espírito do Império Britânico. Sem dúvida que os Estados Unidos não vão gostar disso.