Antes da votação, a primeira-ministra britânica Theresa May declarou que a ameaça que alegadamente provém da Rússia é real. As críticas em relação à Rússia vão aumentar, disse à rádio Sputnik o politólogo Mikhail Smolin.
O Parlamento da Grã-Bretanha votou a favor da modernização do escudo nuclear do país. Após os debates realizados, a maioria dos deputados – 472 membros do Parlamento – aprovaram o projeto promovido pelos conservadores. Outros 117 deputados votaram contra.
"Não podemos colocar em risco nossa segurança nacional", declarou May, apelando ao voto pela modernização. "Isso será um jogo sem razão que enfraquecerá nossos aliados e fortalecerá nossos adversários. Um jogo com a segurança dos britânicos comuns", disse.
Segundo o porta-voz do presidente russo Dmitry Peskov, o Kremlin ficou decepcionado com as palavras de May e espera que a visão objetiva prevaleça. Ele sublinhou que a Rússia participa ativamente dos processos de não proliferação nuclear e defende a cooperação e manutenção das relações de amizade com os países do Ocidente, incluindo a Grã-Bretanha.
"Sendo que May não possui grande experiência na política externa, ela vai seguir um caminho já percorrido, acusar-nos da violação de algum sistema internacional. Neste caso, segundo eu acho, é importante entender a diferença entre o que nós consideramos um sistema internacional e como esse sistema é interpretado pelos países do Ocidente e pela OTAN. A nosso ver, um sistema internacional é o sistema que foi estabelecido depois dos acordos de Yalta e após a Segunda Guerra Mundial. Mas do ponto de vista do Ocidente este sistema já entrou no passado. Eles acham que eles construíram um novo sistema internacional após a Guerra Fria e após o avanço da OTAN em direção à Europa Oriental", disse Mikhail Smolin.
O politólogo russo ressaltou que as declarações da primeira-ministra estão longe da realidade.
"Tudo isto está virado de cabeça para baixo. Quando May diz que nós vamos instalar armas nucleares na Crimeia e em Kaliningrado, então eles querem dizer que somos nós que os ameaçamos com instalação de armas nucleares e não são eles que avançam, ou já avançaram até nossas fronteiras e deslocaram seus mísseis para os países da Europa Oriental", indaga Smolin.
"Na verdade, a Grã-Bretanha escolheu entre a UE e a OTAN e na política inglesa vamos assistir ao aumento das críticas em relação à Rússia e a um movimento consecutivo ainda maior na esteira da política dos EUA. Por isso, declarações semelhantes, especialmente as ligadas ao desenvolvimento das forças militares, serão frequentes. Mas temos que aceitá-las de forma tranquila. Essas são as declarações que não são capazes de prejudicar nossos interesses nacionais. Pois tudo isso é simplesmente retórica. Não é uma ameaça crítica para nós", concluiu Mikhail Smolin.