O Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) negociado pelas autoridades da UE e dos EUA, já não tem chances de sobreviver "politicamente", escreveu o jornal Politico, após conversar com o suposto participante deste fato – Thilo Bode.
Foi este homem, de comportamento muito suave, que se tornou na voz e face do movimento que obrigou os líderes da União Europeia, inclusive a chanceler da Alemanha Angela Merkel, a abrir as bocas de surpresa e que minou algo que poderia se tornar o maior acordo de livre comércio na história.
É notável que, logo depois de ele se juntar à discussão do acordo comercial em 2014, o apoio a este na Alemanha caiu de 55 para 17 por cento. Os maiores sindicatos, que de início apoiavam o projeto do documento, atualmente o rejeitam.
A luta de Bode incluiu vários métodos: ele escreveu um livro – "A mentira sobre o comércio livre" (Die Freihandelslüge em alemão), que logo se tornou o mais vendido. Além disso, em outubro de 2015 foi realizada uma manifestação contra o TTIP que ele ajudou a organizar (e que contou com participação de 150 mil pessoas). De acordo com os dados do Politico, esta foi a maior desde outra de protesto contra invasão ao Iraque em 2003.
O homem se comporta como um ativista bastante conservador que levanta questões bastantes bem argumentadas sobre se o TTIP poderia destruir o modo de vida habitual dos alemães. Nomeadamente, em vez de fazer declarações sobre a possível chegada aos mercados de frangos com cloro, ele se interessa pelo possível dano de longo prazo que o acordo econômico poderia apresentar à regulação das normas para produtos de consumo geral.
"É isso que mobiliza as pessoas para saírem à rua e se manifestarem. Eles têm o sentimento de não estarem recebendo toda a informação," disse Bode.
Em particular, um dos pontos do acordo TTIP prevê a cooperação próxima entre órgãos de controle nos EUA e na UE através da possibilidade de representantes de empresas poderem comentar ações jurídicas nos primeiros estágios da sua discussão.
Esta postura foi argumentada não só por ele, através da promoção de uma investigação legal sobre violação dos princípios fundamentais da UE, mas também pelos dados tornados públicos pela Greenpeace em maio, que provam toda a importância da pressão que Washington aplica a Bruxelas relativamente à discussão do TTIP.