WSJ: Ofensiva da Turquia na Síria foi surpresa para EUA

© REUTERS / Assessoria de Imprensa das Forças Revolucionárias da Síria Ofensiva da Turquia na Síria
Ofensiva da Turquia na Síria - Sputnik Brasil
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A operação militar turca contra o grupo Daesh (organização terrorista proibida na Rússia) na Síria começou inesperadamente para os EUA, escreve The Wall Street Journal, se referindo a declarações de funcionários oficiais turcos e americanos.

O exército turco iniciou a ofensiva na semana passada, oficialmente o Pentágono aprovou esta operação, declarando sua cooperação estreita com Ancara.

"Mas nos bastidores a cooperação entre os membros da OTAN foi um fiasco ao nível mais alto", constata WSJ.

As ações não coordenadas de Washington e Ancara causam mais tensão nas relações dos dois países após a discordância que surgiu logo depois da tentativa de golpe militar na Turquia, assinala a edição.

História das negociações entre Turquia e EUA sobre a Síria

O WSJ tem acompanhando toda a história das negociações entre Ancara e Washington sobre os planos para realização de uma operação conjunta na Síria, que tinham começado na primavera de 2015.

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Em junho de 2015, o presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan expressou a vontade de enviar 2000 militares para a fronteira sírio-turca. Ele também contava com o apoio de unidades especiais dos EUA, mas Washington não gostou muito desta ideia.

Como resultado, não se realizou nenhuma operação terrestre, mas os lados conseguiram chegar a um acordo para apoiar vários milhares de combatentes da oposição moderada síria usando aviação e artilharia.

Depois as negociações ficaram paradas: os líderes do Pentágono e alguns generais turcos decidiram que Ancara parecia ser incapaz de mobilizar a quantidade necessária de rebeldes da oposição para realização desta operação.

Quando a Rússia entrou no conflito na Síria, esta operação dos EUA e da Turquia foi considerada como quase irrealizável. Sobretudo depois do abatimento do caça russo na fronteira sírio-turca pela Força Aérea da Turquia.

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No inverno as negociações se reiniciaram e em março Ancara apresentou a Washington uma lista de 1800 rebeldes que podiam ser recrutados para a operação contra o Daesh (isso foi comunicado por um representante anônimo de Ancara).

Depois da tentativa de golpe militar na Turquia em junho, os militares americanos disseram que, apesar dos vários desacordos, não queriam falhar a cooperação com Turquia na luta contra o Daesh.

Depois do encontro entre Erdogan e Putin em agosto, a Turquia enviou para a Rússia uma delegação para discutir a operação planejada na Síria. Segundo representantes do alto nível de Ancara, Moscou tinha assegurado os turcos de que não iriam sofrer bombardeamentos da Rússia se atravessassem a fronteira da Síria.

No dia 13 de agosto, os curdos sírios apoiados pelos EUA conquistaram a cidade de Manbij – um ponto estrategicamente importante entre a Turquia e Raqqa, a "capital" do Daesh. Depois disso a Ancara e Washington mostraram sua preocupação por causa do alegado avanço dos curdos para norte – em direção à fronteira com Turquia.

Vejam só, Ancara concordou com esta operação aceitando a palavra de Washington que os curdos, depois de liberar a cidade dos terroristas, iriam deixa-la e regressar aos seus territórios a leste de rio Eufrates.

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No dia 17 de agosto, a Turquia começou treinando rebeldes sírios de acordo com o plano de março, mas os curdos alvejaram a cidade de Jarablus (uma cidade ocupada pelo Daesh na fronteira sírio-turca) em ver de Raqqa, segundo os dados das autoridades turcas.

No dia 20 de agosto, a Turquia obteve um motivo para antecipar o começo da operação: um atentado durante um casamento na Turquia, supostamente realizado pelos terroristas do Daesh, levou a vida de 50 pessoas.

De acordo com o plano da Ancara, os militares turcos deviam entrar na cidade de Jarablus junto com os americanos, que coordenariam as ações da aviação e da oposição síria envolvida na operação.

No início da semana passada o Pentágono, que tinha apoiado este plano, começou estudando os detalhes com a Casa Branca. Os EUA queriam enviar 40 elementos de forças especiais.
O Pentágono esperava uma resposta rápida, mas a Casa Branca "precisava de respostas a algumas questões" antes do início. Em particular, os EUA queriam garantir a segurança dos seus militares na operação, em que podiam participar militantes ligados à Al-Quaeda, destaca o WSJ.

Os turcos queriam iniciar operação o mais depressa possível

A Casa Branca continuava buscando respostas e o Pentágono tentava convencer a Turquia a esperar. Os EUA tentaram fazer tudo para retirar os curdos das áreas onde iriam combater os militares turcos.

No dia 23 de agosto, a Casa Branca expressou a vontade de realizar um encontro de alto nível para estudar a proposta do Pentágono. Na mesma noite, a Turquia iniciou a ofensiva não tendo dado conhecimento a Washington.

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Logo depois do início da ofensiva, na fronteira sírio-turca ocorreram confrontos entre os turcos e os curdos sírios apoiados pelos EUA. Washington apelou asperamente a ambos os lados para cessarem os combates.

Segundo os representantes oficiais da Casa Branca, eles tinham avisado na segunda-feira os militares turcos que não iriam dar apoio aéreo às forças que estão avançando para sul dentro do território sírio, mas iriam continuar apoiando a parte do exército que avança ao longo da fronteira sírio-turca e que combate o Daesh neste território.

Washington disse aos curdos que o apoio a eles também dependia da direção do seu avanço.

Na segunda-feira, o chefe do Pentágono Ashton Carter declarou que os destacamentos curdos estavam se deslocando na direção leste, diminuindo a tensão com os turcos.

Segundo representantes oficiais do país, os EUA estão preocupados com a Turquia se poder atolar na Síria e com isso facilitar a vida aos terroristas.

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