Historicamente, desde o final da Segunda Guerra Mundial que a questão das Ilhas Curilas tem sido alvo de disputas entre a Rússia e o Japão, com Tóquio reivindicando seus direitos a esse território. Porém, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe decidiu mudar a abordagem dessa questão.
"A questão não somente se refere às relações entre a Rússia (antes a União Soviética) e o Japão. Há também um terceiro ator – os EUA. A questão surgiu em 1952, quando a ocupação americana do Japão terminou", explica o analista.
Segundo ele, naquele tempo os líderes japoneses "tentaram encontrar uma solução mutuamente aceitável com a União Soviética, mas Washington interferiu".
A União Soviética e o Japão estiveram próximos de resolver o assunto nos anos 50 do século passado. Em 1956, o então líder soviético Nikita Khrushchev concordou em repassar as ilhas Habomai e Shikotan ao Japão, mas o acordo bilateral não foi assinado. Segundo o analista, isso aconteceu "não porque o Japão não queria as duas ilhas, mas porque os EUA não lhe permitiram assinar o respetivo acordo".
Recentemente, tanto a Rússia como o Japão têm manifestado seu interesse em tomar uma decisão vantajosa para ambas as partes. Na segunda-feira, o assessor do chefe de gabinete japonês Yoshihide Suga anunciou que o governo japonês estava disposto a "continuar negociações a fim de resolver o assunto referente a quatro ilhas e assinar o acordo de paz".
Segundo ele, a cooperação econômica não é um "presente" para Rússia, mas sim a "vontade do Japão de participar de projetos na Sibéria e Extremo Oriente". O Japão, como país de influência, quer virar Estado completamente soberano, mas sem se esquecer de tomar em conta as ordens provenientes de Washington.