A Rússia tem insistido na necessidade de publicar os documentos, mas os EUA são contra.
"Devido a razões que não podemos entender completamente, os EUA não concordaram em partilhar os textos dos documentos com vocês e até mesmo com os representantes do Conselho de Segurança da ONU. Mas eu vou ler fragmentos destes dois documentos para esclarecer [a situação]", disse Churkin em entrevista coletiva após uma reunião de emergência do Conselho de Segurança.
Moscou insiste na divulgação dos documentos, a fim de evitar especulações e interpretações equivocadas. Os EUA, por sua vez, ainda não decidiram se vão publicar o texto do acordo ou não.
Na sexta-feira (16), era esperada uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria, mas a Rússia decidiu cancelá-la devido à falta de vontade de Washington em tornar público o acordo. Além disso, Churkin expressou dúvidas de que o Conselho aprovaria uma resolução para apoiar o acordo.
"A Rússia e os EUA vão tomar esforços conjuntos para estabilizar a situação na Síria, incluindo medidas especiais perto de Aleppo. As prioridades são a separação dos territórios controlados pelo Daesh e pela Frente al-Nusra dos territórios controlados pelas forças da oposição moderada, bem como a separação dos rebeldes moderados dos militantes da al-Nusra", revelou o diplomata russo.
Ele também citou trechos de um documento acordado entre Washington e Moscou em julho.
"O objetivo de um Grupo de Implementação Conjunta é o estabelecimento de uma ampla coordenação entre os Estados Unidos ea Federação Russa. As partes, os EUA e a Rússia, vão trabalhar em conjunto no âmbito de um Grupo de Implementação Conjunta, a fim de derrotar a al-Nusra e o Daesh. Elas vão trabalhar a fim de manter um cessar-fogo e apoiar um processo de transição política descrito na resolução 2254 pelo Conselho de Segurança da ONU ", disse Churkin.
De acordo com ele, as outras disposições eram sobre questões humanitárias e a situação no terreno.
"Essas preparações foram muito importantes. Elas poderiam mudar a situação e intensificar os esforços contra a al-Nusra e o Daesh. Elas também poderiam criar melhores condições para um processo político", acrescentou o enviado especial russo.
O presidente ressaltou que os militantes da al-Nusra deviam ser separados dos grupos de oposição, mas que Washington não tinha feito progressos sobre o problema.
"Eu gostaria que fôssemos honestos uns com os outros… E eu não entendo muito bem por que devemos esconder qualquer um dos nossos acordos. Claro, não vamos divulgá-los até que os nossos parceiros norte-americanos concordem com isso”, afirmou o líder russo.
Em 9 de setembro, o chanceler russo, Sergei Lavrov, e o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, anunciaram um novo plano sobre a Síria, que estipula um cessar-fogo que entrou em vigor na segunda-feira (12).