Participaram do encontro o ministro José Serra, a chanceler Susana Malcorra (Argentina), Rodolfo Nin Novoa (Uruguai) e Eladio Loizaga (Paraguai). Na nota oficial após a reunião, destacam a necessidade de dar novo impulso às negociações que acontecerão de 10 a 14 de outubro em Bruxelas, durante a 26ª Sessão do Comitê de Negociações Regionais. As conversações para um acordo entre os dois blocos estão emperradas desde 2004 e desde lá praticamente não houve avanços. Um dos motivos é a resistência de alguns países europeus, entre eles a França, que não concordam com a retirada de subsídios aos seus agricultores.
Tabaré Vázquez agradeceu o Brasil pela valorização do papel desempenhado pelo Uruguai no Mercosul e defendeu que os países-membros do Mercosul busquem acordos bilaterais fora do bloco com outros países. Na segunda-feira, o presidente Michel Temer encontrou com Vazquez, “fazendo as pazes” entre os dois países após a polêmica diplomática ocorrida quando o chanceler Rodolfo Novoa deu uma entrevista a um jornal local afirmando que o Brasil estava pressionando o Uruguai a endurecer posição em relação à Venezuela.
Para o deputado federal Saguas Moraes (PT-MT) e integrante do Parlamento do Mercosul (Parlasul), a aparente mudança de postura do Uruguai tem motivos.
"O Uruguai é um país com um território pequeno, com uma economia pequena e que depende das relações com os países do Mercosul. Uma vez o Uruguai percebendo a intransigência do Brasil, da Argentina e do Paraguai com relação à Venezuela, resolveu assumir a possibilidade de se voltar ao bloco, ao mesmo tempo tentar fazer uma aproximação com a Venezuela no sentido de garantir as condições para que ela permaneça no bloco e desfazer a ação ditatorial de Argentina, Brasil e Paraguai que impediu que a Venezuela assumisse a presidência interina do Mercosul."
Moraes admite que, no momento, o presidente uruguaio é o mais indicado, dentro do Mercosul, para negociar com os europeus.
"Ele (Tabaré Vázquez) é um presidente aberto, sucessor do Mujica, tem construído um governo com maior abertura, um governo mais de centro-esquerda. Ele estando na articulação desse bloco, vai tentar conciliar essas ações para que a Venezuela permaneça. Brasil, Argentina e Paraguai não têm muito interesse pelo Mercosul, querem se entregar ao mercado americano, não querem o fortalecimento do bloco. Precisava que ele (Tabaré) assumisse esse papel para manter vivo o bloco e avançar nas negociações com o Mercado Comum Europeu. Se a gente retardar isso, vai dificultar ainda mais. É importante ampliar nossa relação não só com os Estados Unidos, os Brics, mas também com a Europa."