Ex-aliado do Presidente Recep Tayyp Erdogan e hoje seu inimigo político número um, Fethullah Gulen vive na Pensilvânia, de onde comanda o movimento Hizmet, que reúne nos Estados Unidos mesquitas e centenas de instituições de ensino voltadas para a difusão da cultura muçulmana.
Erdogan acusa Gulen de ser o mentor intelectual da insurreição militar de 15 de julho de 2016, que, segundo o presidente turco, tentou afastá-lo do poder. Desde então, 32 mil pessoas foram presas na Turquia, entre militares, juízes, procuradores, advogados, professores e várias outras categorias profissionais.
Especialista em políticas dos países da África e do Oriente Médio na Universidade Federal Fluminense, o Professor Jonuel Gonçalves comenta a questão para a Sputnik:
"A possível motivação de Fethullah Gulen para pedir asilo a um destes três países [Brasil, Bélgica ou Canadá] é a sua percepção de a Turquia exercer pouca ou mesmo nenhuma pressão sobre estes parceiros."
Já nos Estados Unidos, segundo o especialista da UFF, "Gulen pode estar se sentindo intranquilo devido às constantes pressões de Recep Tayyp Erdogan sobre Barack Obama, para que o clérigo seja preso e extraditado para a Turquia. Uma destas formas de pressão é a ameaça de Erdogan de retirar a permissão para que a Força Aérea dos Estados Unidos continue utilizando a Base Aérea de Incirlik como apoio para incursão dos seus aviões contra as posições do Estado Islâmico [o Daesh] na Síria e no Iraque."
Jonuel Gonçalves lembra ainda que, se Fethullah Gulen de fato formalizar o seu pedido de asilo ao Brasil, o Ministério das Relações Exteriores terá de se manifestar, levantando os antecedentes do clérigo e descartando qualquer possibilidade de ele exercer atividades ligadas ao terrorismo, conforme o acusa Erdogan.