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Michel Temer em Tóquio: Brasil e Japão procuram facilitar relações comerciais

© Beto Barata / PRMichel Temer chega ao Japão
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"A visita de Michel Temer ao Japão, a primeira de um presidente brasileiro num período de 11 anos, ajuda aquele país a recuperar a credibilidade no Brasil." A avaliação é de Alexandre Uehara, professor de Relações Internacionais das Faculdades Rio Branco e da Universidade de São Paulo.

Especialista em políticas da Ásia, com ênfase nas do Japão, China, Coreia do Norte e Coreia do Sul, Alexandre Uehara declarou à Rádio Sputnik que as relações entre Japão e Brasil estiveram algo abaladas devido a dois cancelamentos de viagens da então Presidente Dilma Rousseff àquele país, o primeiro em 2013 e o segundo em 2015.

"Japoneses não veem com bons olhos cancelamentos de viagens oficiais realizados em cima da hora", diz o Professor Uehara. Nas palavras do analista, "foi montada toda uma programação para a Presidente Dilma Rousseff, em que ela seria recebida pelo Imperador Akihito, pelo Primeiro-Ministro Shinzo Abe e por empresários japoneses dispostos a investir no Brasil. Mas a visita de Michel Temer repõe a situação entre os dois países em seu devido lugar".

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Em Tóquio, nesta quarta-feira, 19, o presidente será recebido pelo Imperador Akihito e terá reunião com o Primeiro-Ministro Shinzo Abe. Participará, ainda, de encontro com lideranças empresariais nipônicas e de um evento com os setores privados do Brasil e do Japão.

Em nota oficial sobre a visita do Presidente do Brasil ao Japão, o Ministério das Relações Exteriores informa que "nossos países mantêm rica agenda de trabalho conjunta, marcada por tradicionais laços de cooperação e fortes vínculos humanos".

A nota do Itamaraty acrescenta: "A visita constituirá oportunidade para a renovação do interesse do Brasil e do Japão na ampliação dos fluxos bilaterais de comércio e investimentos, por meio do aprofundamento da cooperação em ciência, tecnologia e inovação, assim como o estabelecimento de parceria em novas frentes dos setores de infraestrutura, indústria e energias renováveis."

Em 2015, a balança comercial entre os dois países foi de US$ 9,7 bilhões, e no mesmo ano os investimentos diretos dos empresários japoneses no Brasil atingiram o volume de US$ 2,8 bilhões.

Ainda de acordo com o Itamaraty, "Brasil e o Japão participam de projetos conjuntos em terceiros países, na América Latina e na África, bem como integram o G-4, ao lado da Índia e da Alemanha, em defesa da ampliação do número de membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU".

Neste ano, até agosto, o Brasil vendeu para o Japão US$ 3,4 bilhões, e os principais produtos exportados foram minério de ferro, pedaços congelados de frango, milho em grãos e café em grãos. Já as importações do Brasil no mesmo período, da ordem de US$ 2,6 bilhões, alinharam entre os principais produtos comprados do Japão artigos como caixas de marchas de motores, componentes para helicópteros e aviões, trilhos de aço e automóveis.

"Tradicionalmente, a balança comercial tende a ser mais favorável ao Brasil do que ao Japão", comenta o Professor Alexandre Uehara. "Este quadro se manteve até meados da década de 1990, quando o Brasil vendia basicamente ao Japão minérios e alimentos e comprava produtos industrializados. A partir daquele período, o panorama começa a se modificar: o Brasil passa a comprar mais produtos do Japão, enquanto os empresários japoneses começam a investir em empresas e recursos brasileiros. Mas o que vejo como mais importante, independentemente de a balança comercial ser mais favorável a um ou outro país, é que a partir da intensificação dos contatos entre Brasil e Japão os produtos brasileiros se tornaram mais competitivos e hoje podem chegar a um número muito maior de países."

Do ponto de vista dos empresários brasileiros, o relacionamento entre os dois países poderia ser ainda maior, não fossem as dificuldades enfrentadas pelos japoneses para ingressar seus produtos no mercado brasileiro.

Lúcia Cristina de Buone, gerente de negócios da empresa Francal, Feiras e Empreendimentos, responsável pelo evento anual Japan and Asian Food Show, relata quais são estas dificuldades:

"A gente, no Brasil, vê com muitos bons olhos esta visita do Presidente Michel Temer ao Japão. Eu, que estou no mercado corporativo há alguns anos e organizo um evento mundial de gastronomia asiática, com ênfase na culinária japonesa, sou testemunha do quanto os empresários se queixam para trazer ao Brasil produtos fabricados no Japão. São exigências da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e, principalmente, muitos entraves burocráticos. Esta é a maior dificuldade para a importação."

A Francal, Feiras e Empreendimentos é uma empresa diretamente ligada à Câmara de Comércio Brasil-Japão, entidade sediada em São Paulo e dirigida por Aiichiro Matsunaga, presidente para o Brasil da Mitsubishi Corporation.  

Nesta quarta-feira, 19, o Presidente Michel Temer terá uma intensa programação em Tóquio. Pela manhã, será recebido pelo Imperador Akihito; em seguida, falará a parlamentares e empresários. À tarde, reúne-se com o Primeiro-Ministro Shinzo Abe, e por volta das 19 horas será homenageado com um jantar pelo chefe de Governo japonês. Antes, conversará com a imprensa e com o vice-primeiro-ministro, ministro das Finanças e presidente da Liga Parlamentar Brasil-Japão, Taro Aso.

O retorno ao Brasil está marcado para quinta-feira pela manhã, chegando a Brasília somente na sexta-feira, 21.

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