O território foi cedido pela Espanha à Inglaterra em 1713 como parte do acordo que pôs fim à Guerra da Sucessão. No entanto, ainda hoje a soberania de Gibraltar é reivindicada pela Espanha, mas a população local rejeita qualquer mudança no seu status. A mais recente consulta popular sobre isso foi feita há mais de 10 anos e quase todos (99%) os gibraltinos votaram por permanecer como britânicos. Mais recentemente, no referendo sobre o Brexit, Gibraltar foi o lugar onde o voto pela permanência do Reino Unido da União Europeia ganhou de lavada. Dos pouco mais de 20 mil eleitores, 19.322 disseram não ao brexit e apenas 823 votaram por deixar a UE.
Mas se os moradores locais não parecem tão dispostos a interagir, os macacos que habitam a pedra fazem muito bem esse trabalho de relações públicas e conquistam a simpatia dos turistas. Durante o passeio pelas estradas militares que cortam as pedras, os visitantes encontram dezenas de macacos que estão tão acostumados aos humanos que não esboçam a menor reação ao serem fotografados.
Ao subir a pedra caminhando, é possível apreciar a paisagem dos vários mirantes pelo caminho e parar para interagir com os macacos. Para acessar os pontos turísticos é preciso desembolsar uma boa quantia (em libras!): cada atração custa 10 libras e algumas, como o túnel militar no interior da pedra, têm capacidade limitada e é preciso comprar com antecedência. Nada é de graça em Gibraltar. Até para ter um mapa turístico do território é preciso pagar 1 libra nas máquinas automáticas instaladas em vários pontos da cidade.
Para chegar em Gibraltar só há um caminho terrestre, a Avenida Winston Churchill, que cruza a pista do Aeroporto Internacional, instalado estrategicamente ocupando a única faixa de terra firme que liga o território inglês ao espanhol. No lado hispânico está a cidade de La Línea de la Frontera, coincidentemente uma das mais empobrecidas da Espanha. O acesso pode ser feito por carro ou a pé. Das duas formas, é preciso passar pelo controle de imigração que, neste caso, não é nada complicado. Basta apresentar passaporte na saída da Espanha e no guichê de entrada em Gibraltar.
No centro da cidade os principais lugares de concentração de turistas são o "International Commercial Centre", uma praça ampla com bares e restaurantes, e a "Main Street", a rua comercial que começa nessa praça e segue até o pequeno "Trafalgar Cemetery", onde estão sepultados marinheiros e soldados britânicos que morreram defendendo o lugar.
Ainda na parte urbana está o Jardim Botânico. Depois desse parque, começa a "Town Area", onde estão o porto, os edifícios militares e os estaleiros. Dos pontos mais altos é possível ver, do outro lado da Baia de Gibraltar, a cidade espanhola de Algeciras e uma infinidade de navios de carga em fila aguardando para acessar o porto. Dois navios de guerra britânicos estavam ancorados no porto de Gibraltar, provavelmente porque a península é um local estratégico de bases da aliança militar do Atlântico OTAN.
Para chegar no topo da Rock of Gibraltar há duas entradas principais. Uma está justamente no "Jews' Cemetery Battery”, onde começam as estradas asfaltadas militares que levam aos locais de interesse ou o início de uma trilha que costeia a pedra pela face que está virada para o Mediterrâneo. O caminho é muito bonito e seguro, pois a trilha é formada por escadas na pedra e não há como se perder.
No entanto, o mais indicado é começar a subida pelo Castelo dos Mouros, que está perto da praça "International Commercial Centre". Subindo por ali, a primeira parada pode ser o próprio castelo ou a entrada dos túneis militares (o ingresso custa 10 libras para cada atração). Continuando a subida há o “Military Heritage Center”, um ótimo ponto para observar a vizinha cidade espanhola de La Línea de la Concepción, o aeroporto e o início das praias da Costa do Sol. Nesse ponto já há a presença dos mais simpáticos moradores de Gibraltar: os macacos.
O caminho pelas estradas leva até a grande muralha "Charles V Wall", onde há dezenas de macacos prontos para brincar com os turistas. Nesse ponto as vans turísticas costumam estacionar para permitir que os visitantes tirem fotos com os animais. Acostumados com a presença humana, os macacos mais jovens sobem nos carros, pulam nas pessoas e brincam uns com os outros sem se importar com os flashes.
A partir desse ponto você pode descer pela escadaria da muralha até chegar a outro mirante. Se seguir caminho pela esquerda, vai cruzar a ponte suspensa que permite uma bela vista da Baia de Gibraltar.
Gibraltar só tem explicação se pensarmos que se trata de uma fortaleza construída pela natureza em um local estratégico – a entrada do mar Mediterrâneo. E assim é essa pequena colônia britânica, um lugar que depende das atividades de transporte marítimo e principalmente da presença militar para ter razão de ser.