Segundo a Professora Denilde Holzhacker, especialista em políticas das Américas do Norte, Central e do Sul, essa faixa do eleitorado acompanhou Donald Trump e se manteve em silêncio durante praticamente toda a campanha para se manifestar somente nas urnas, dando a vitória a Trump sobre Hillary Clinton.
Mesmo assim, a professora considera o resultado final surpreendente:
"Ninguém esperava uma vitória de Donald Trump sobre Hillary Clinton. Todos os institutos de pesquisa apontavam a vitória de Hillary mesmo nos estados em que Trump era visto com uma pequena vantagem. Mas estes eleitores que não alardearam seus votos fizeram toda a diferença. E entre eles estavam os que preferiram entregar os destinos dos Estados Unidos a um outsider, alguém de fora da política, como Trump, do que a alguém como Hillary, que, nitidamente, representava o establishment."
Sobre Hillary Clinton, Denilde Holzhacker diz não considerar como preponderante o fato apontado por muitos analistas políticos, de que a população dos Estados Unidos ainda não se sente preparada para ser comandada por uma mulher:
"Hillary Clinton sofreu muito durante a campanha, até mesmo pela questão de gênero. Mas não acredito que este tenha sido o fator preponderante para sua derrota. Ela teve a vida pessoal devassada, inclusive com a intensa exploração do fato da utilização do seu e-mail pessoal para envio e recepção de mensagens eletrônicas quando estava à frente da Secretaria de Estado dos Estados Unidos. Este aspecto foi muito bem explorado por Donald Trump."
Em relação à política externa de Trump, a Professora Denilde avalia que a América Latina não está entre as prioridades do presidente eleito:
"Creio que apenas o México deve acompanhar os primeiros passos de Trump, porque é preciso saber como ele vai tratar a famosa questão do muro que pretende ou pretendia erguer na fronteira dos Estados Unidos. Também do ponto de vista da América do Norte, será preciso ver como Trump tratará o Nafta [acordo comercial que envolve os três países do continente: México, Estados Unidos e Canadá]. Com o Brasil, não acredito em mudanças substanciais, e a tendência é de que as relações se mantenham como estão. Na América do Sul, o país que me parece inclinado a merecer atenções de Trump é a Venezuela, diante das posições contrárias do Presidente Nicolás Maduro."
Denilde Holzhacker acredita que a política externa de Donald Trump deverá priorizar as relações com os países da Europa e da Ásia, além de dedicar atenção especial ao diálogo com a Rússia.