Logo após vitória de Trump, China começa 'jogo delicado' para ultrapassar EUA na Ásia

© AFP 2023 / SAUL LOEB / POOLPresidente chinês Xi Jinping fala na sessão de abertura do 6º Diálogo Econômico e Estratégico entre os EUA e a China, Pequim, China, 6 de junho de 2016
Presidente chinês Xi Jinping fala na sessão de abertura do 6º Diálogo Econômico e Estratégico entre os EUA e a China, Pequim, China, 6 de junho de 2016 - Sputnik Brasil
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Imediatamente após a vitória surpreendente de Donald Trump, a China pediu aos EUA para apoiarem o projeto Área de Livre Comércio da Ásia-Pacífico, liderado por Pequim. O cientista político russo Andrei Volodin afirma que a iniciativa não foi algo inesperado,chamando-lhe parte de um "jogo delicado de Pequim para ultrapassar os EUA" na Ásia-Pacífico.

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Dois dias depois de Donald Trump ter assegurado a sua vitória nas eleições presidenciais dos EUA, a China pediu ao novo governo dos EUA para apoiar o estabelecimento da Área de Livre Comércio da Ásia-Pacífico (FTAAP), promovida pela China.

"Esperamos que a promoção do FTAAP sirva não só os interesses chineses, mas também os interesses das outras economias regionais, incluindo os Estados Unidos. Esperamos que o novo governo e presidente dos EUA continue a apoiar a criação da FTAAP", disse o vice-ministro das Relações Exteriores da China, Li Baodong, na reunião especial de quinta-feira.

Este é o primeiro gesto diplomático de Pequim em relação ao novo governo dos EUA após as felicitações enviadas a Trump pelo presidente Xi Jinping na quarta-feira.

A China propôs a Área de Livre Comércio da Ásia-Pacífico (FTAAP) e Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP), que alguns observadores veem como concorrentes da Parceria Trans-Pacífico (TPP) defendida pelo presidente Barack Obama.

Obama enquadrou a TPP, que excluía a China, como um esforço para escrever as regras comerciais da Ásia antes que Pequim o fizesse, estabelecendo a liderança económica dos EUA na região.

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Entretanto, espera-se que o FTAAP esteja no topo da agenda da próxima cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), que se realizará de 19 a 20 de novembro em Lima, capital do Peru.

Comentando esta iniciativa da China, que ocorre dez dias antes da cúpula, Andrei Volodin disse à Sputnik que a iniciativa não foi algo inesperado, chamando-lhe parte do "jogo delicado de Pequim para ultrapassar os EUA" na Ásia-Pacífico.

"Ao anunciar essa iniciativa econômica, a China está buscando um objetivo de longo prazo: revelar os planos dos EUA para a Ásia-Pacífico, e não apenas nas condições das relações econômicas", disse Volodin.

"Acho que Pequim vai agora iniciar a sondagem do novo governo de Donald Trump sobre os seus planos para a Ásia-Pacífico, o poder no triângulo EUA-China-Rússia e relações entre EUA e China", ele adicionou.

Esta iniciativa se enquadra plenamente na concepção geopolítica da China e não deve ser considerada apenas no plano econômico, disse Volodin.

Durante a sua campanha eleitoral Trump tomou uma posição protecionista sobre questões comerciais e considerou o TPP, defendido pelo presidente Barack Obama, como um "desastre".

No entanto, Pequim entende que os apoiantes do acordo proposto não vão desistir sem combate e que vai haver uma discussão prolongada sobre o tema.

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A proposta da China parece neutra, mas na verdade é uma tentativa de tomar a iniciativa, diz o especialista. E é muito claro que será a China, e não os EUA, a desempenhar o papel principal no projeto.

Comentado a reação potencial da nova administração dos Estados Unidos e do presidente eleito em relação à FTAAP, Andrei Volodin sugeriu que Trump poderia responder positivamente.

"Trump é um homem bastante pragmático e as suas ações como 45º presidente dos EUA podem diferir muito das promessas eleitorais de Trump contra a China", ele disse.

"Trump certamente considerará a sugestão chinesa do ponto de vista pragmático, já que há três jogadores principais na arena global — EUA, Rússia e China. E os EUA combinarão as suas políticas com este fator, assim como a China adaptará a sua política dependendo da perspectiva das relações entre Washington-Moscou-Pequim", disse Volodin.

A China certamente tentará encontrar bases comuns com os EUA, incluindo a aérea de livre comércio, já que é muito claro que as economias dos dois países estão fortemente ligadas, disse o especialista.

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