Quem é Mike Pence?
Pence é um católico de origem irlandesa. Assuntos de fé e valores religiosos sempre foram muito importantes para ele. As suas tentativas de entrar no palco político, no fim dos anos de 1980 e início dos 1990, fracassaram e ele se tornou apresentador de rádio. Desde 1992, ele tinha seu próprio show de rádio sobre política.
Quando se tornou conhecido, ele conseguiu vencer as eleições para a Câmara dos Representantes, se tornando deputado pelo estado do Indiana. No Partido Republicano obteve uma reputação de conservador feroz, fazendo oposição constante à administração de George W. Bush.
Em 2012, Pence se candidatou ao cargo de governador do Indiana e venceu a corrida com uma pequena margem. Neste posto realizou uma política conservadora – diminuiu despesas de educação, serviços sociais, prisões, mas ao mesmo tempo diminuiu os impostos. A economia do estado crescia de forma lenta, mas conseguiu manter o rating de crédito muito alto.
Pence como candidato à vice-presidência
Trump escolheu Pence como seu vice-presidente obrigando-o a renunciar à candidatura ao segundo mandato como governador do Indiana. Segundo a mídia, foram familiares de Trump que o aconselharam a escolher Pence depois de seu avião ter ficado avariado e ele se ter demorado no Indiana. Pence, como conservador feroz que é, não apoiou Trump nas primárias, sua escolha foi Ted Cruz que cedeu o Indiana a Trump. O site FiveThirtyEight chamou Pence de candidato à vice-presidência mais conservativo nos últimos 40 anos. Ele representa um antípoda de Trump, que no passado apoiou democratas e teve posições liberais.
A hora de triunfo de Pence foi em 4 de outubro nos debates vice-presidenciais contra seu adversário democrata Tim Kaine. Nos debates, os dois políticos pouco conhecidos tinham de fortalecer suas posições no palco político. O tema principal dos debates foram as relações com a Rússia. Kaine acusou Trump e Pence de seu amor pela Rússia.
Pence respondeu que a política fracassada de Clinton no cargo de secretária de Estado norte-americana levou à "agressão russa" que ele e Trump enfrentarão.
"As provocações da Rússia têm de enfrentar a força dos EUA. Se a Rússia quer continuar os ataques bárbaros contra civis em Aleppo, os EUA devem estar prontos a usar suas forças militares para atacar alvos militares do regime (do presidente da Síria Bashar) Assad", disse Pence.
"Há um velho provérbio que diz que o urso russo nunca morre e somente entra em hibernação", disse Pence. Não existe tal provérbio nem em inglês, nem em russo.
As declarações de Pence impressionaram o establishment norte-americano, que receava as "simpatias de Trump pela Rússia". Muitos observadores locais pensavam que Pence teria o papel de novo "falcão" nas relações com Moscou. Entretanto, Trump diretamente disse nos debates presidenciais que não está de acordo com a posição de Pence sobre a confrontação com a Rússia.
Serviços secretos dos EUA disseram repetidamente que a Rússia apoiava a candidatura do republicano Donald Trump. O presidente russo Vladimir Putin afirmou que as declarações de que Trump é o favorito de Moscou é um método para manipular a opinião pública e de travar a luta política.
Vice-presidente na política externa
O papel do vice-presidente não está muito claro na constituição dos EUA. O vice-presidente deve substituir o chefe do Estado em caso de incapacidade deste para exercer suas funções. Isso aconteceu, por exemplo, quando o presidente John Kennedy foi assassinado em 1963 e seu posto ocupou Lyndon Johnson.
O próprio Pence disse que quer imitar o seu antecessor Dick Cheney. Os primeiros passos de Trump mostraram que ele confia em Pence – na semana passada começou a chefiar o comitê transitório, responsável pela transmissão de poder para a administração de Trump.
Segundo disse à agência russa RIA Novosti o analista e investigador do Centro de Estudos de Segurança da Universidade de Georgetown, Paul Pillar, a política externa ainda não está configurada. "O vice-presidente é um dos que exercerá influência sobre ela, mas não é o único e não necessariamente o mais importante na sua determinação", afirmou.
Outros especialistas pensam que agora é impossível determinar qual será a política de Trump, quando ainda não está claro quem será o secretário de Estado, uma das figuras mais importantes na política externa do país.