Assunto delicado: qual será escolha da UE - OTAN ou próprio exército?

© AFP 2023 / MARCELLO PATERNOSTROInauguração dos exercícios Trident Juncture em Trapani, na Itália
Inauguração dos exercícios Trident Juncture em Trapani, na Itália - Sputnik Brasil
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Já que o presidente recém-eleito dos EUA, Donald Trump, tomará posse daqui a alguns meses, a União Europeia tem de escolher entre a OTAN e seu próprio exército, disse à Sputnik Internacional o perito em segurança europeia e relações transatlânticas, Peter van Haman.

Em entrevista à Sputnik Internacional, Peter van Haman, acadêmico da segurança europeia e relações transatlânticas, afirmou que após os britânicos terem decidido sair da EU e Donald Trump ter sido eleito presidente norte-americano, a União Europeia há de escolher entre a OTAN e suas próprias forças militares.

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A entrevista foi ao ar depois de os países da UE terem aprovado os planos para ampliar cooperação militar com o bloco. Na segunda-feira (14), os ministros da Defesa e das Relações Exteriores europeus acordaram em avançar na proposta de criação de uma organização conjunta de planejamento. Um novo órgão será encarregado de supervisionar as manobras e aumentar o uso das existentes unidades militares como resposta à crise do bloco.

Segundo dizem os ministros, isto poderia reforçar o papel estratégico global da UE e a capacidade autônoma de agir quando necessário.

Ao falar com a Sputnik, Peter van Haman, que também é professor convidado no Colégio da Europa em Bruges, na Bélgica, sublinhou as “ambições de longa data” de Bruxelas quanto à segurança coletiva europeia.

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Entretanto, apenas “avanços discretos foram alcançados”, manifestou, ao adiantar que “a verdadeira questão não consiste em aquilo que foi declarado, mas no que está acontecendo na vida real”.

Levando em consideração o fato de Donald Trump assumir suas funções daqui a alguns meses e a contínua instabilidade junto às fronteiras europeias, deve surgir necessidade geopolítica de não somente dar declarações, mas pô-las em prática, frisou Peter van Haman.

“Há coisas que evidenciamos ao longo das décadas. A União Europeia tem ambição de se tornar em ator político tanto regional como global, e para isto são necessárias capacidades de defesa autônomas. Porém, a maioria dos Estados-membros também faz parte da OTAN, o que gera problemas”, disse.

O perito acrescentou que todos estes países-membros querem uma operação militar europeia e, ao mesmo tempo, a liderança norte-americana [no domínio da defesa].

“Até há pouco tempo, parecia que eles podiam conseguir ambas as variantes, mas com a administração de Trump [que logo tomará posse] eles terão de escolher, e este já é um assunto muito delicado”, sublinhou.

O Reino Unido impediu várias vezes uma série de propostas sobre ampliação da cooperação militar dentro da UE, preferindo o reforço da segurança regional através das forças da OTAN.

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Entretanto, a recente decisão britânica de deixar a União Europeia, bem como a vitória de Donald Trump nas presidenciais norte-americanas, deu novo ímpeto a qualquer um destes planos.

No decorrer da sua campanha eleitoral, Trump questionou com frequência a viabilidade da OTAN e sugeriu condicionar o apoio militar norte-americano às despesas europeias com a segurança. Se for posto em prática, isto pode levar a região a criar suas próprias capacidades militares da União e aumentar respectivas despesas.

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