Em outubro os membros da Comissão de Relações Exteriores do PE aprovaram o texto da resolução, que adverte sobre o perigo da "propaganda inspirada pelo Kremlin" e sobre a necessidade de reforçar as medidas de combate contra ela.
Em entrevista à Sputnik França, Sophie Rauszer, responsável por assuntos internacionais no Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (GUE/NGL) do Parlamento Europeu, informou que o relatório apenas reflete a posição do PE, acrescentando que o relatório será submetido a votação e será tomada uma decisão. Porém, segundo ela, o documento não é uma diretiva, nem uma lei vinculativa do PE.
Segundo ela, para o seu partido isso cria um problema: quando se usam termos como "propaganda", o grupo terrorista Daesh é colocado no mesmo nível de um estado-membro do Conselho de Segurança.
"Aqui não há nada de novo. Além da comparação política com o Daesh, existe a questão da independência da mídia, que é um assunto global para o PE, onde existe "um grupo de descontentes" liderado pelos Países Bálticos e Polônia, que demonstra interesse elevado em questões de defesa na Europa após o Brexit", aponta Rauszer.
Rauszer ressalta que esse grupo de "usa a linguagem do período da Guerra Fria, lembrando e criticando os tempos soviéticos".
De acordo com ela, não houve uma posição unida sobre o relatório na Comissão de Relações Exteriores do PE, que preparou o projeto do documento para votação. Vinte deputados votaram a favor do relatório, 13 se abstiveram e cinco votaram contra.
Segundo Louis, esse relatório é inaceitável: o documento propõe estabelecer a diferença entre propaganda e informação, mas diz que a única saída para a UE é apoiar a mídia "apropriada". O especialista chama isso de "manipulação a nível estatal".
Na visão de Louis, o relatório não define com clareza o que significa "propaganda" e o que quer dizer "informação". Ele destaca que a própria UE pode financiar a sua própria propaganda.
O professor destaca que colocar a Rússia ao mesmo nível do grupo terrorista Daesh é algo inaceitável. Segundo ele, parece estranho que não surjam dúvidas em relação à "Turquia que deseja entrar na UE e onde o presidente Recep Tayyip Erdogan se comporta de maneira despótica, prendendo jornalistas".
"Na minha opinião, este texto mostra que se trata mais da aproximação entre a UE e a OTAN do que da própria UE apoiando seus valores ", conclui o especialista.