Maduro apelou aos povos da América Latina para que se unam e impeçam as oligarquias do continente de se imporem. Segundo o presidente, é preciso defender o Mercosul, "cujos princípios e estatutos estão ameaçados por governos de direita que promovem uma agenda desestabilizadora contra a Venezuela".
No próximo dia 1º, o país corre o risco de ser suspenso do bloco. Na última segunda-feira, 21, o chanceler do Paraguai, Eládio Loizada, afirmou que a Venezuela vai ser suspensa como Estado associado, ficando sem voz no Mercosul. O motivo, segundo Loizada, se deve ao fato de que o governo venezuelano informou que não poderá incorporar as 112 resoluções cobradas pelos países membros pelo fato de interferirem em sua legislação interna.
No dia 29 de julho, o Uruguai encerrou seu mandato de seis meses à frente da presidência do bloco e não repassou o cargo à Venezuela, como determina o estatuto do bloco. Brasil, Argentina e Paraguai têm, desde então, somado esforços para impedir que o país assuma o posto, chegando a autoproclamar uma gestão compartilhada entre os três países. Juridicamente, contudo, a manobra não tem amparo nos estatutos do bloco. Na prática, o Mercosul está com a presidência vaga desde 1º de agosto.
Integrante da bancada brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul), o deputado federal Saguas Moraes (PT-MT), diz que a suspensão da Venezuela não vai encontrar a bancada do Parlasul de braços cruzados.
"Desde que Macri ganhou na Argentina, encorajou o presidente do Paraguai (Horacio Cartes), que se juntou a Michel Temer, depois do golpe, no sentido de não só afastar a Venezuela, mas de enfraquecer o Mercosul. Eles têm a determinação de enfraquecer o bloco. Tanto Macri quanto Temer são governos de direita, totalitários."
Saguas afirma que na última sessão do Parlamento, há 20 dias, se soube que os deputados argentinos não estão recebendo nem salário, nem ajuda de custo para se deslocarem até Montevidéu (sede do Mercosul). Segundo ele, a sessão foi esvaziada pela pouca participação dos parlamentares argentinos, paraguaios e venezuelanos, que estava discutindo alguns assuntos internos.
"No dia 1º de dezembro teremos uma sessão do Parlasul. Se eles propuserem o afastamento da Venezuela, dizendo que ela não tem cumprindo com todas as determinações para o país continuar membro, provavelmente vai ter muito barulho e muito debate sobre esse tema, que deverá ser o principal da reunião."