"Acontece que as relações entre a Turquia e a UE nunca foram tão boas assim, para falar em uma grande piora. UE, desde o início, não ofereceu suporte real à Turquia no seu caminho para se tornar membro desta organização", disse o interlocutor da Sputnik Turquia.
Segundo o diplomata, hoje "as partes reavaliaram as suas posições em relação ao outro. Hoje, ao responder à pergunta sobre se a Turquia realmente deseja entrar na UE, eu diria que não, não quer".
O ex-embaixador turco na França considera que as relações entre a Turquia e a UE devem adquirir um novo formato. "Quando eu ocupei o cargo de embaixador da Turquia na França, me foi dito com muita clareza — 60% da população francesa não deseja o ingresso do seu país na UE. O fundamento dessa posição sempre foi o fator muçulmano. Eles pensam que: se não podemos dar conta dos nossos 6 milhões de muçulmanos, o que faremos com mais 80 milhões? Nas condições atuais, devemos sentar à mesa de negociações e discutir a situação. Devemos entender as possíveis consequências do abandono das negociações. As ameaças mútuas, as declarações de impacto e tentativas de ganhar tempo não trarão resultados significativos", pontuou Ozulker.
"Eu não apoio o que a UE está fazendo. Está absolutamente claro que Bruxelas não se porta de forma justa e honesta com a Turquia. Isso, por sua vez, suscita indignação na sociedade. Por isso é bastante previsível que, ao apresentar esse tema em um referendo, ficará decidido pelo rompimento das relações com a UE. Mas será que todos entendem as consequências dessa decisão para o país? De que modo isso refletirá sobre a população e o nível de vida?", questionou o diplomata.
"Romper as relações depois de um processo preparatório tão longo não é tão simples assim. Eu penso que em temas como esse é sempre possível e necessário conduzir uma política bem pensada e equilibrada. Não há espaço para decisões instantâneas na diplomacia", concluiu Uluç Ozulker.