Durante a sua vida, Fidel Castro dirigia seus esforços para manutenção da amizade entre a China e Cuba. Com sua morte o povo chinês perdeu um grande companheiro e um verdadeiro amigo. Foi dessa forma que o presidente chinês Xi Jinping apreciou a contribuição do líder cubano para as relações bilaterais, numa carta ao líder cubano Raul Castro, por ocasião da morte de Fidel Castro.
Em entrevista à Sputnik China, o especialista do Centro de Pesquisa de Problemas Internacionais do Instituto Chinês de Comunicações Yang Mian prevê o seguinte futuro das relações sino-cubanas:
"As relações entre China e Cuba são as mais amigáveis. Como pode ser visto na carta do presidente Xi Jinping a Raul Castro de 26 de novembro, a China e Cuba continuarão mantendo relações amigáveis. Além disso, a China e Cuba são estados socialistas, e hoje no mundo não há muito países com esse sistema social, os laços estreitos entre os dois países se formaram durante a luta contra a hegemonia dos Estados Unidos da América. Embora nas relações entre os dois países também tenha havido contradições e discordâncias, tudo isso já pertence ao passado. Após a Guerra Fria, as partes construíram relações de amizade. Com a morte de Fidel Castro, também não poderá haver mudanças radicais nas relações bilaterais".
A morte do líder cubano não vai trazer quaisquer alterações substanciais à situação em Cuba, pensa o especialista Yang Mian argumentando sua posição:
"O falecimento de Fidel Castro não pode provocar turbulência dentro do país, porque ainda em vida ele deixou seus postos e entregou com sucesso o poder a Raul Castro. Além disso, mesmo durante a crise na sua saúde devido à doença, os cubanos estavam prontos, no seu íntimo, para o falecimento do líder. No curto e médio prazo, o país não tem nenhum problema. Entretanto, e essa é a realidade, Raul Castro também tem uma idade avançada, e os rostos novos no grupo de dirigentes são uma grande raridade. Neste momento decorrem reformas em diferentes áreas no país, mas por enquanto não há mudanças fundamentais na economia. Portanto, no longo prazo, Cuba terá que se preocupar com o problema da transferência de poder. Entretanto, agora não há quaisquer problemas nessa área. O prestígio de Raul Castro é extremamente alto aos olhos dos cubanos. Hoje, todos estão de luto e é impossível falar sobre mudanças no partido e no Estado".
"Cuba é um pedaço apetecível para investimentos chineses e para seu uso como centro de logística. Isso é facilitado pela localização geográfica favorável de Cuba no Hemisfério Ocidental — como se estivesse na fronteira entre América do Norte, do Sul e Central e do Caribe. Cuba fica perto do Canal do Panamá, estão em curso negociações para lhe criar uma alternativa — o Canal da Nicarágua. Além disso, há excelentes portos em Cuba, os cinco melhores portos do Caribe são cubanos. É previsível que a continuação da transformação lenta, mas segura da economia cubana e da incorporação gradual da economia cubana nas relações econômicas mundiais irá trazer mudanças importantes. Elas vão determinar as relações de Cuba com o mundo exterior — com a própria China, antes de mais com a América Latina, que incluiu Cuba na sua órbita, apesar do bloqueio e da pressão política dos EUA".
Nós sabemos da reação bastante "seca" do presidente eleito dos EUA Trump à morte de Fidel Castro. Sabemos também a história do bloqueio econômico dos Estados Unidos, que já dura 50 anos e que não foi levantado, apesar do restabelecimento das relações diplomáticas. Foi um gesto simbólico, com que Barack Obama decidiu comemorar sua presidência descolorida, mas na verdade ele não mudou nada. Será bom se o realismo, ou alguns elementos de realismo, prevalecerem na política externa americana. Gostaria de acreditar, mas é impossível desconsiderar o nível de pressão do lobby da oposição anticastrista. Ela [oposição] organizou mesmo uma festa em Miami com fogos de artifício por ocasião da morte de Fidel.
O conselheiro mais próximo de Trump, Rhines Pribes, em entrevista ao canal de televisão Fox, previu que Cuba não deverá esperar ter relações normais com os EUA se não fizer certas concessões. Washington exige que Havana cesse as repressões, abra o mercado e libere a religião. Trump não está contra as negociações, “mas o que será necessário sob a presidência de Trump são ações".