Na mensagem pronunciada nesta quinta-feira, Putin agradeceu aos militares russos "pelo profissionalismo, generosidade, coragem e bravura, percebidos durante a execução de suas funções, […] por valorizarem a sua honra e a honra da Rússia".
Comentando a fala do Presidente Vladimir Putin para a Sputnik, Pedro Paulo Rezende, especialista em assuntos bélicos e em relações internacionais, destaca:
"O Ocidente subestimava o que havia sobrado da União Soviética em termos de aparato militar. Dizia-se que os russos estavam ultrapassados, que só tinham equipamentos de segunda linha, etc. Durante muito tempo, isso foi divulgado no Ocidente e nunca foi uma verdade total. Mesmo nos piores momentos da era Yeltsin, quando houve um desmonte do aparato militar, a Rússia manteve sua capacidade militar razoável de exercer seu direito à defesa, com aviões de primeira linha como os caças Sukhoi, os carros de combate T-90, de excelente qualidade, etc. Mas, comparado aos tempos soviéticos, houve uma degradação."
Pedro Paulo Rezende acrescenta:
"Quando Putin assumiu a Presidência da Federação Russa, a primeira coisa que decidiu enfrentar foi o desmanche do aparato militar russo. Por que isso? Porque as bases da OTAN começaram a ficar cada vez mais próximas da Rússia. Putin, inclusive, chegou a propor à OTAN, em 2002, que a Rússia fizesse parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte para acabar de vez com uma rixa sem sentido. O Ocidente, porém, simplesmente não aceitou a proposta da Rússia, continuando com a sua política de cerco e colocando suas bases militares cada vez mais próximas da Rússia, que foi obrigada então a reagir. Como parte dessa reação, Putin diminuiu os efetivos das forças russas, mas, ao mesmo tempo, aumentou o profissionalismo e acelerou o reequipamento dessas unidades. Era mais ou menos o seguinte: a Rússia tinha um velho pugilista, gordo, fora de forma, e trocou por um lutador de MMA bem ágil e forte."
Pedro Paulo Rezende diz ainda que a primeira vez em que a Rússia teve oportunidade de demonstrar isso ao mundo foi em 2015, na Síria, quando, convidada pelo Presidente Bashar Al-Assad, passou a atacar, em 30 de setembro daquele ano, militantes, posições e equipamentos do Daesh.
O especialista também informa que a Rússia mantém um pequeno efetivo (cerca de 5 mil militares) na Síria, com destaque para a atuação da Força Aérea. Nestes episódios de combate ao Daesh, a Rússia está tendo oportunidade de mostrar a profissionalização de suas forças armadas e os seus equipamentos mais avançados, em termos de eficácia e tecnologia, segundo Pedro Paulo Rezende.