Com cinco Estados árticos lutando pelo controle sobre os promissores domínios mais setentrionais, é a Rússia que está sendo categoricamente retratada como um risco à segurança com um apetite insaciável por territórios ricos em petróleo da plataforma continental.
De acordo com Oldberg, a presença da Rússia no Ártico já é a mais forte em termos de defesa. A Frota do Norte da Rússia, baseada na Península de Kola, está sendo aprimorada com submarinos nucleares estratégicos de topo e novas unidades especificamente adaptadas ao severo clima ártico. Além disso, novas bases permanentes estão sendo construídas, e as bases da era soviética estão sendo reativadas ao longo de toda a costa russa do Ártico, com 22.600 quilômetros de extensão, incluindo a Terra de Francisco José e as ilhas da Nova Sibéria.
Nos últimos anos, as relações entre a Rússia e seus vizinhos do Ártico foram dificultadas pelas sanções ocidentais. Por exemplo, a Noruega, um Estado membro da OTAN, que se juntou entusiasticamente à UE e aos EUA na pressão política e econômica sobre a Rússia, sofreu com as contrassanções: as exportações norueguesas de alimentos para a Rússia caíram mais de 70% em 2015. Em vez disso, as Ilhas Faroé, que fazem parte do Reino da Dinamarca, mas que gozam de um estatuto especial na UE, aumentaram consideravelmente as exportações para a Rússia devido à não participação na política de sanções.
Певек принял первый караван судов с грузом для строительства инфраструктуры плавучей атомной станции https://t.co/3EJCPkcV0x pic.twitter.com/FAQAb7Mydc
— Сделано у нас (@sdelanounas_ru) 20 de setembro de 2016
Apesar da crescente tensão, a Rússia continuou cooperando com o Ocidente em organizações do Ártico não relacionadas com assuntos militares. No outono de 2015, a Rússia presidiu ao Conselho Euro-Ártico de Barents (BEAC) por dois anos, anunciando como suas principais prioridades a confiança, segurança, transparência e abertura. Através do BEAC, alguns dos contatos com os países nórdicos foram preservados, o que resultou em contínua cooperação econômica e ambiental, apesar da frieza nas relações mútuas.
Ao contrário, digamos, dos EUA, a Rússia ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS). A Rússia fez sua primeira candidatura para reivindicar 1,2 milhões de quilômetros quadrados já em 2001, afirmando que a cordilheira Lomonosov e o cume Mendeleiev são continuação da plataforma continental da Sibéria. Em 2015, a reivindicação russa foi suportada por testes sísmicos, exames do solo e outros dados científicos. O problema é que a Dinamarca e o Canadá também apresentaram reivindicações que se sobrepõem à da Rússia. Considerando que a Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLCS) apenas decide sobre o alargamento das plataformas continentais, as reivindicações conflitantes devem ser resolvidas pelos próprios países rivais.
#Kara Sea research station besieged by polar bears. More conflicts between humans and bears https://t.co/9nT9PInJ0b
— The Barents Observer (@BarentsNews) 20 de setembro de 2016