Guerra da mídia
Na terça-feira (13), a Comissão de Direitos Humanos da ONU informou que recebeu relatos sobre o assassinato de no mínimo 82 civis (incluindo 11 mulheres e 13 crianças) pelo exército sírio em Aleppo, em um dia.
"Mídia ocidental está propagando mentiras coordenadas sobre a situação em Aleppo. A Internet está cheia de vídeos mostrando as ‘últimas palavras dos residentes de Aleppo'. Todos eles são filmados com telefones celulares no estilo da emissora da Al-Jazeera. Mas qual seria a razão?", escreveu Khrolenko.
De acordo com o comentarista político, tudo o que foi escrito acima demonstra que esta guerra na mídia tem "certos objetivos".
Segundo a lei da anistia, as forças do governo sírio estão deixando sair do leste de Aleppo os militantes que entregam suas armas.
"Todos esses militantes estão com as mãos sujas de sangue. Uma abordagem humanista não tem nada a ver com as muitas alegações da mídia ocidental sobre 'assassinatos em massa de civis'. Todas essas afirmações são mentira", diz-se na matéria.
Segundo o jornalista, tal propaganda "desesperada" somente seria útil se os EUA e seus aliados da coalizão estivessem se preparando para uma intervenção na Síria.
As redes sociais e a mídia estão cheios de "imagens e vídeos aterrorizantes de Aleppo". Segundo Alexander Khrolenko, todos esses vídeos possuem o mesmo estilo e, por trás das câmeras, há "profissionais, incluindo diretores e jornalistas".
"Todas as declarações ocidentais se referem a ‘postos de ativistas' e filmes sobre supostos ‘ataques aéreos russos', esquadrões de fuzilamento e cenas que foram filmados por grupos especiais de TV, com a ajuda de militantes. Pensemos, por que algumas mídias utilizam tais meios sem antes verificar a fonte. Aconselho a não acreditar na propaganda dos terroristas", disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, general Igor Konashenkov.
Coalizão ocidental está perdendo na Síria
Segundo Khrolenko, a principal razão por trás da histeria da mídia ocidental sobre a situação na Síria é o fato de que a coalizão ocidental está perdendo a luta contra o governo sírio e o presidente Bashar Assad.
"A coalizão liderada pelos Estados Unidos está perdendo terreno na Síria. Já faz cinco anos que Washington e seus aliados usam forças de oposição e jihadistas na tentativa de derrubar Assad", escreveu.
Em 14 de dezembro, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse: "Organizações humanitárias independentes não podem confirmar informações sobre atrocidades [do Exército sírio] no leste de Aleppo".
"A libertação de Aleppo tem enfraquecido significativamente os islamistas na província vizinha de Idlib e criou uma ameaça aos grupos jihadistas em Raqqa e Deir ez-Zor, bem como campos petrolíferos controlados por militantes no vale do Eufrates. Isso também ajudará a conter as rendas e comunicações comerciais com a Turquia", diz o artigo.
Segundo o autor, opositores de Bashar Assad compreendem a importância da libertação de Aleppo, por isso tentam desesperadamente distrair o exército sírio da cidade, como por exemplo, o recente ataque a cidade de Palmira.
'Rebeldes' de Aleppo não são heróis
Chega a ser surpreendente, mas o jornal britânico The Independent forneceu uma visão da situação diferente das outras mídias ocidentais.
"Nós nos referimos a eles como ‘rebeldes', como se eles fossem os maquis lutando na resistência francesa ou os partidários na libertação da Iugoslávia dos nazistas ou, até mesmo, os insurgentes de Varsóvia que lutaram contra o partido nazista alemão. O que eles claramente não são", escreveu o jornalista Robert Fisk em um artigo.
Segundo ele, não há verdadeiros "rebeldes" em Aleppo, exceto aqueles que são filmados para propagação da propaganda.
"Durante meses, repórteres ocidentais não conseguiram declarar o óbvio: que eles não podem enviar suas remessas a partir das áreas "rebeldes", pois os "rebeldes" abririam suas gargantas ou os entregariam aos outros "rebeldes" que o fariam", notou o jornalista.