Para muitos, o conteúdo das delações da Odebrecht pode representar uma grave ameaça para o Governo do Presidente Michel Temer. Outros, como o Senador Cristovam Buarque (PPS-DF), acreditam que as ameaças vão muito além. Segundo o parlamentar, as ameaças pairam sobre a classe política em geral.
"Creio que o conteúdo destas delações representa um grande risco para todos nós que fazemos política no Brasil", diz Cristovam Buarque em entrevista à Sputnik Brasil. "Não só para o Presidente Michel Temer e para a sua equipe de Governo como também para a oposição. Ninguém sabe o que vem por aí. Mas seja qual for o conteúdo destas delações, um efeito positivo haverá, o de purificar a política no Brasil, ainda que sejam necessários alguns anos para isto se concretizar."
Cristovam Buarque diz, no entanto, não poder acompanhar as previsões de que o Presidente Michel Temer não concluirá seu mandato:
"Não chego a este ponto, embora reconhecendo a situação politicamente frágil em que ele se encontra. Até porque não se retira um presidente de um mandato sem se colocar outro em seu lugar. A não ser que o Tribunal Superior Eleitoral, em 2017, casse a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, e, então, competirá ao Congresso Nacional escolher, por via indireta, o seu sucessor. Quando Dilma saiu, havia o próprio Temer. E agora quem há? Não há, neste momento no Brasil, nomes para uma eventual substituição do presidente da República."
Para o Senador Cristovam Buarque, os riscos de uma precipitação política em torno desta possível sucessão são muito grandes:
"Primeiro, porque o novo presidente da República teria de ser escolhido por um Congresso Nacional sem credibilidade, no que eu me incluo. Segundo, porque certamente haverá impactos para a economia. Se um eventual próximo presidente se comprometesse a manter Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda, isto poderia tranquilizar o mercado e acalmar especulações. Mas quem pode assegurar isso hoje no Brasil? Portanto, tão grave quanto substituir, antecipadamente, o presidente da República é pensar em como ficará a condução da economia no país."
Ao receber da Procuradoria-Geral da República as delações premiadas dos diretores da Odebrecht, o Ministro Teori Zavascki informou que sua equipe de juízes auxiliares trabalhará no recesso do Poder Judiciário, que começa na terça-feira, 20, para analisar o conteúdo do que os colaboradores revelaram aos membros do Ministério Público Federal.