Esta penúltima semana de dezembro ficará marcada como uma das mais violentas de 2016. Na segunda-feira, em Ancara, o Embaixador russo na Turquia, Andrei Karlov, foi assassinado pelo policial turco Mevlüt Mert Altintas, morto em seguida em troca de tiros com agentes turcos de segurança; em Berlim, uma feira de Natal foi invadida por um terrorista (segundo o Governo alemão) que lançou um caminhão contra várias pessoas, matando 12 delas e deixando dezenas de feridos; e em Zurique, na Suíça, um centro islâmico foi invadido e diversas pessoas foram vítimas de disparos.
Tudo isto remete à questão: por que o terrorismo na Europa e em outros continentes está conseguindo amplo terreno para se expandir?
Para responder a esta pergunta, Sputnik Brasil convidou o professor de Relações Internacionais Ricardo Cabral, estudioso de temas ligados ao terrorismo internacional e pesquisador da Escola de Guerra Naval, no Rio de Janeiro. Na avaliação de Ricardo Cabral, uma rede de suporte permite a expansão de tais atos:
"Os ataques terroristas, antes circunscritos às regiões mais tensas do Oriente Médio, da Ásia e da África, estão se ampliando pela Europa em razão de diversos fatores", sustenta o pesquisador. "Os ataques que estão acontecendo nos países europeus se explicam pela montagem de uma grande rede de suporte aos autores dos atentados; pela necessidade que estas organizações terroristas têm de demonstrar sua contrariedade aos países que apoiam o Presidente Bashar Assad no combate aos grupos extremistas na Síria (Estado Islâmico e Al Qaeda, muito ativa nos últimos tempos); e, por fim, pela enorme máquina de divulgação que os terroristas sabem utilizar."
Ricardo Cabral dá um exemplo de como funciona esta "máquina de divulgação":
"Têm circulado pela Internet vários filmetes produzidos por estas organizações terroristas que procuram sensibilizar as pessoas mais suscetíveis a se vincular às suas causas, à causa do terror. São filmetes produzidos por grupos xiitas, sunitas e de outras ramificações. Seus apelos para cooptar jovens militantes têm uma tônica: eles falam do ‘genocídio’ que está ocorrendo na Síria, por parte dos 'cruzados' contra os 'fiéis'. E então pedem a estes jovens, sensíveis, para se juntar às suas fileiras. A partir daí, os jovens ficam atrelados a este discurso de terror."
Ainda de acordo com Ricardo Cabral, o assassinato do Embaixador russo Andrei Karlov pelo turco Altintas poderá desencadear maior vigor na repressão ao terrorismo internacional:
"Não acredito num distanciamento entre russos e turcos em função deste lamentável homicídio. Pelo contrário, acredito que os Governos da Rússia e da Turquia irão fortalecer seus laços porque ambos têm no terrorismo um inimigo comum. Além disso, temos de considerar o fato de que, a partir de 20 de janeiro de 2017, Donald Trump estará assumindo a Presidência dos Estados Unidos, e em várias ocasiões ele já teve oportunidade de declarar que uma de suas prioridades será cerrar fileiras contra o terrorismo."