"Por isso, o encontro com os colegas da Turquia e Irã foi oportuno. Se os EUA agora estão prontos a trabalhar para pacificar e mitigar a situação humanitária, não admitir mais incidentes de troca de alvos dos terroristas <…> o que, na nossa opinião, os EUA praticam, há possibilidade de cooperação", disse Ryabkov.
O vice-ministro russo frisou que, algum tempo atrás, era difícil imaginar que países como a Turquia, Rússia e Irã elaborariam um texto único e aceitável para todos sobre a questão síria.
"É importante porque reflete uma visão comum das capitais que inicialmente tinham posições não coincidentes", disse Ryabkov.
O alto diplomata russo disse que a única agenda que os três países têm é buscar meios para estabilizar, melhorar a situação humanitária, não admitir novos sofrimentos para os residentes do país. Ryabkov afirmou que, nestas condições, não pode existir uma agenda secreta. Além disso, o vice-ministro russo sublinhou que agora o destino do presidente sírio Bashar Assad não está na agenda, há assuntos mais urgentes como o recomeço do processo político.
"Não, receber impulsos do exterior e ficar à espera não é a prática da nossa diplomacia, isso não corresponde ao curso ativo de política externa que a parte russa realiza. O presidente e o ministro [das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov] insistem que nos foquemos no futuro", disse o vice-ministro, sublinhando que no mundo contemporâneo é muito difícil prognosticar, mas a Rússia está fazendo tudo para formar uma agenda construtiva para as relações bilaterais depois da chegada da nova administração.
O vice-chanceler russo disse que agora há três fatores que podem travar a melhoria das relações russo-americanas. O primeiro é que, durante últimos anos, tem existido uma forte atitude antirrussa nas instituições norte-americanas.
"O segundo, devo dizê-lo, é que durante muitos anos tem se ficado com a ideia de que os norte-americanos nunca cooperam, independentemente do partido que o presidente representa <…>, se determinado assunto não corresponde aos interesses norte-americanos. Nós, também não cooperamos se isso não corresponde de forma precisa aos respetivos interesses russos. Por isso, é muito difícil encontrar aspetos comuns de dois imperativos onde a cooperação seja mutuamente benéfica, embora não seja impossível", disse Ryabkov.
Ryabkov disse que ainda não é claro quando será o primeiro encontro entre os presidentes dos dois países. Este assunto será decidido pelos próprios presidentes, afirmou. O prazo mais provável é 2017.
O diplomata russo afirmou que agora a mídia ocidental apresenta os fatos relacionados à Rússia de forma que não corresponde à verdade, especialmente os referentes ao futuro secretário de Estado norte-americano Rex Tillerson. Ryabkov expressou a esperança de que a experiência de trabalho com parceiros russos ajudará Tillerson a melhorar as relações russo-americanas.
"Não temos contatos com a equipe de Trump. Confirmo isso", disse o diplomata russo.
Além disso, Ryabkov desmentiu as informações do canal NBC de que, em outubro, o presidente norte-americano Barack Obama teria contatado Putin para o avisar sobre as consequências do alegado envolvimento russo nas presidenciais nos EUA. "Não, não confirmo isso", sublinhou Ryabkov.