"Erdogan considera que no Oriente Médio as ações valem muito mais do que a retórica e, partindo deste ponto de vista, ele percebeu que não se pode contar com Washington", sublinhou o especialista.
O encontro em Moscou se realizou depois ter ficado claro que o plano de John Kerry, secretário de Estado dos EUA, tinha fracassado definitivamente. Moscou, Ancara e Teerã compreenderam que a mudança do regime na Síria não pode ser a prioridade no processo de paz. Na base da regulação síria têm que estar no respeito pela soberania, integridade territorial e pluralismo político, bem como na luta contra o terrorismo.
"É uma declaração impressionante. É completamente o contrário do que a Turquia dizia em 2011. Na prática, isto significa que Ancara reconhece Assad", assinala Aykan Erdemir.
As relações entre a Turquia e EUA foram piorando enquanto Washington apoiava as Forças Democráticas da Síria, destacamentos na sua maioria compostos por combatentes curdos. Ancara teme que eles avancem ao longo da Síria e se unam com os curdos turcos, criando assim um Estado curdo na fronteira turco-síria. Os EUA não atendeu às preocupações da Turquia e, sem iniciativas por parte de Washington, Ancara escolheu a aliança com Moscou.
"Os turcos avaliaram a situação e decidiram: a Casa Branca não quer nada com a Síria. Vamos esperar pela nova administração e entretanto veremos o que podemos fazer com os russos. Todos consideram a administração de Obama como absolutamente impotente e agora estamos fora do processo", apresenta sua conclusão Andrew Tabler, investigador do Instituto para Política do Oriente Médio de Washington.