Segundo o professor dinamarquês do clima Sebastian H. Mernild, diretor executivo do Centro Nansen de Sensoriamento remoto e Ambiente em Bergen, Noruega, o descongelamento, principalmente da camada de gelo da Groenlândia, pode resultar em um fluxo de água doce que afetará o sistema de correntes profundas e de superfície do oceano Atlântico, inclusive a corrente do Golfo que é responsável por aquecer a Europa, disse o jornal dinamarquês Berlingske.
O aumento do nível de água proveniente da camada de gelo da Groenlândia deverá acelerar devido ao aumento de densidade de gases estufa na atmosfera. Entretanto, o equilíbrio das correntes oceânicas pode ser destruído de forma mais rápida.
Neste caso, a corrente do Golfo será enfraquecida somente em 18% até o fim do século XXI.
O outro cenário, o de pesadelo, prognostica que as emissões de dióxido de carbono continuarão crescendo e que a corrente do Golfo perderá cerca de 37% do seu potencial até 2100. Até 2300, esta corrente quente perderá cerca de 75% do seu potencial e poderá mesmo desparecer, pensam os cientistas.
"As mudanças na corrente do Golfo e gelo marítimo, em conjunto com recentes desenvolvimentos na Antártica, onde muitas geleiras se tornaram instáveis, significa que nos dirigimos em uma direção desconhecida", disse Sebastian H. Mernild, destacando que a Antártica contém até oito vezes mais gelo que a Groenlândia.
A corrente do Golfo é uma poderosa corrente quente no oceano Atlântico que tem seu início no golfo do México. A corrente do Golfo assegura o clima bastante suave na Escandinávia (em comparação com o clima na Sibéria, onde as temperaturas podem atingir 40 graus negativos). Considera-se que a corrente que leva as águas quentes da bacia das Caraíbas ao longo do Atlântico aquece o norte da Europa em cerca de seis graus.
A Groenlândia é o maior bloco de gelo no hemisfério setentrional e preserva água doce suficiente para elevar o nível do mar em mais de sete metros.