"Durante a conversa telefônica realizada entre Putin e Trump em 14 de novembro, foi destacada a necessidade de corrigir a situação desfavorável nos contatos russo-americanos", sublinhou Lavrov.
O diplomata russo afirmou que Moscou está aberta para contatos com a nova administração, mas não apressa ninguém porque compreende que Trump ainda deve formar a sua equipe.
"Convém esperar até que o novo presidente tome posse em 20 de janeiro de 2017 e os canais de diálogo com a administração republicana funcionem em pleno".
"Hoje não vemos necessidade de trabalhar no âmbito deste formato. Na nossa opinião, o G8 esgotou-se e perdeu o peso internacional. Com efeito, o G7 desempenha o papel de uma espécie de 'arranjinho entre amigos' que está atrasado em relação ao mundo em mudança impetuosa. Me refiro principalmente ao surgimento e reforço de novos influentes centros de poder, sem os quais é impossível resolver os problemas globais e regionais urgentes de forma eficiente", disse.
Além disso, segundo o chanceler russo, muitos países deste grupo sofrem de uma espécie de síndrome antirrussa. "É mais benéfico reforçar o diálogo com os países líderes, inclusive os ocidentais, mas em outros fóruns, que são mais eficientes", disse. Lavrov indicou que o G20 é um formato mais representativo, que inclui países desenvolvidos, bem como países emergentes.
"Damos importância especial ao aprofundamento de cooperação no âmbito da OCX e do BRICS. Estamos seguros de que o trabalho conjunto com os parceiros nestas associações, com base no direito internacional e na Carta da ONU, não só corresponde aos interesses dos nossos povos, mas também contribui para a consolidação de tendências positivas <…> nos assuntos globais e regionais", disse Lavrov.
"Apesar das declarações públicas do presidente Barack Obama de que a luta contra o terrorismo exige a coordenação de todos os esforços, os EUA praticamente não reagiram às nossas propostas de cooperação e recorreram somente a assinatura do Memorando sobre a prevenção de incidentes no ar", disse o chanceler russo.
Lavrov sublinhou que, depois do ataque aéreo da coalizão internacional contra a cidade de Deir ez-Zor, onde morreram 62 militares sírios, foi cancelado o acordo sobre a criação do Grupo Executivo Conjunto, que devia coordenar as ações da Força Aeroespacial da Rússia e da coalizão nos ataques contra os terroristas na Síria.
"<…> Em 18 de dezembro, o secretário de Estado norte-americano John Kerry disse abertamente em entrevista ao jornal Boston Globe que a responsabilidade pelo fracasso do acordo é dos membros do gabinete norte-americano, que estão categoricamente contra qualquer interação com a Rússia. <…> É por isso que era ingénuo esperar da administração atual quaisquer outras atitudes nas semanas que restam até ao fim do seu mandato", disse.
Entretanto, disse Lavrov, a Rússia está pronta para cooperar com a administração Trump não somente na luta contra o terrorismo.